INTERNACIONAL – Trump Critica Reforma Agrária na África do Sul e Alimenta Falsas Acusações de Genocídio Contra Minoria Branca, Ignorando Desigualdade Histórica no País

A recente polêmica suscitada por Donald Trump, ao acusar a África do Sul de genocídio contra a minoria branca, ressoa em um contexto complexo de desigualdade e reforma agrária no país africano. Desde a queda do regime do apartheid em 1994, a África do Sul se vê como uma nação marcada por profundas disparidades econômicas e sociais. A nova lei de reforma agrária, sancionada em 2023, busca corrigir injustiças históricas, permitindo a desapropriação de terras ociosas sem indenização. Essa legislação, no entanto, tem gerado um clima de tensão racial, com críticas posicionadas tanto nacional quanto internacionalmente.

Durante uma recente reunião na Casa Branca com o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, Trump, ao abordar questões de imigração, fez declarações controversas sobre a suposta violação de direitos das propriedades por parte do governo sul-africano. “Temos milhares de pessoas tentando entrar no nosso país porque sentem que vão ser mortas e que suas terras vão ser confiscadas”, afirmou Trump, reforçando a narrativa de vitimização dos brancos no cenário sul-africano. No entanto, a evidência apresentada por Trump, incluindo fotos de fazendeiros supostamente atacados, foi contestada pela mídia, que revelou que algumas imagens eram, na verdade, de violência em outras regiões, como o Congo.

O presidente Ramaphosa contrapôs a defesa de sua política alegando que a violência na África do Sul é uma consequência direta do desemprego e da desigualdade, com a população negra sendo a mais afetada pela criminalidade. Esse ponto é respaldado por estatísticas que mostram que 81,7% da população sul-africana é negra, contrastando com apenas 7% de brancos.

A professora Núbia Aguilar, especializada em história africana, destaca que a desigualdade racial persistente é um legado complexo das leis de segregação do século 20, que provocaram uma concentração fundiária nas mãos da minoria branca. A nova lei, portanto, surge como uma tentativa de reparar essas injustiças, embora enfrente resistência significativa.

Além das tensões internas, as relações exteriores da África do Sul com os Estados Unidos se tornaram ainda mais complicadas, especialmente após o corte do auxílio financeiro por parte do governo Trump e a recente expulsão do embaixador sul-africano em Washington. Nesse cenário, as prioridades de imigração nos EUA se alteraram, permitindo a entrada de brancos sul-africanos em uma ação vista como discriminatória diante do panorama mais amplo da imigração.

Classificada como a nação mais desigual do mundo pelo Banco Mundial, a África do Sul continua a carregar as cicatrizes de sua história colonial e do apartheid. O debate sobre a reforma agrária ilustra uma batalha que vai além da propriedade da terra, envolvendo questões de identidade, reparação e a busca por justiça social em um país ainda dividido.

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