Segundo o professor de relações internacionais da Universidade Federal do ABC, Gilberto Maringoni, o dólar é a principal arma dos Estados Unidos para exercer sua dominação global. Ele ressalta que a perda do poder do dólar implicaria em uma perda do poder imperial dos EUA sobre o mundo, afetando diversas áreas como militar, financeira e política.
O pesquisador do Centro Brasileiro de Relações Internacionais, Ronaldo Carmona, também enfatizou que a hegemonia do dólar é central na geopolítica estadunidense. Ele citou como exemplo o congelamento das reservas russas em dólar para financiar a Ucrânia, mostrando como o dólar é utilizado como uma arma geopolítica.
A preocupação de Trump com a possível substituição do dólar nas relações comerciais foi evidenciada em suas declarações nas redes sociais. Ele exigiu um compromisso dos países do Brics para não criar uma nova moeda em substituição ao dólar, ameaçando com tarifas de 100% para aqueles que não acatarem essa exigência.
A discussão sobre substituir o dólar nas relações comerciais foi tema na cúpula dos Brics deste ano, realizada em Kazan, na Rússia. O bloco, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, tem discutido alternativas para diminuir a dependência do dólar nas transações internacionais.
No entanto, Maringoni e Carmona ponderaram que há limites para a estratégia de Trump. Eles destacaram que essa medida poderia gerar aumentos de custos e até inflação nos Estados Unidos, além de impactar nas relações comerciais do país com parceiros importantes, como os países do Brics.
É importante ressaltar que, tanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto a ex-presidenta Dilma Rousseff têm defendido a substituição do dólar nas transações comerciais entre os membros do Brics, argumentando que isso poderia trazer benefícios aos países do bloco e reduzir vulnerabilidades econômicas.
