INTERNACIONAL – Télam, agência de notícias argentina, é transformada em agência de publicidade estatal em meio a críticas e protestos.

Agência de notícias estatal argentina Télam é transformada em agência de publicidade

Na data que marcou os 50 anos da morte do ex-presidente Juan Domingo Perón, a Agência de Notícias Télam, criada em 1945 com o intuito de romper com a hegemonia informativa exercida por agências como a United Press (UPI) e a Associated Press (AP), foi oficialmente transformada em uma agência de publicidade estatal. A mudança, decretada pelo presidente argentino Javier Milei, não passou despercebida pela imprensa argentina e pelos críticos da medida.

A presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Samira de Castro, expressou preocupação com o decreto que transforma a Télam em uma agência de publicidade do Estado. Para ela, essa ação representa mais um ataque à comunicação pública no país vizinho. Trabalhadores da agência protestaram nos últimos meses contra a decisão.

Samira ressaltou a importância dos instrumentos de comunicação pública para a participação política dos cidadãos, oferecendo acesso a informações de interesse público que muitas vezes não são cobertas pela mídia privada. A Fenaj, ao longo dos últimos meses, divulgou diversas notas criticando o desmonte da comunicação pública na Argentina.

O presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Jean Lima, lamentou o destino da agência, destacando que a transformação da Télam em agência de publicidade estatal enfraquece a comunicação pública e retira um direito da população argentina. O decreto assinado por Milei e Guillermo Francos defende a reorganização das empresas públicas como justificativa para a mudança na Télam.

O professor de Jornalismo da Universidade Federal Fluminense (UFF), Pedro Aguiar, criticou a medida, afirmando que a extinção da produção de material jornalístico de qualidade pela Télam prejudica a imprensa argentina e latino-americana. Ele ressaltou que a agência, que completaria 70 anos no próximo ano, forneceu serviços essenciais ao jornalismo na região.

Com o fechamento da Télam, a América Latina fica sem importantes empresas que produziam jornalismo de qualidade, tornando a imprensa regional mais dependente de agências estrangeiras. Aguiar comparou a situação com o fechamento da agência de notícias mexicana Notimex em 2023, ressaltando os impactos negativos para a pluralidade informativa na região.

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