Rodrigo Paz Pereira, de 58 anos, é um político com raízes profundas na história da Bolívia. Nascido em 1967, na cidade espanhola de Santiago de Compostela, durante o exílio da sua família em razão das ditaduras militares que assolaram o país, ele traz consigo um legado político significativo. Seu pai, Jaime Paz Zamora, foi presidente entre 1989 e 1993 e implementou políticas controversas, incluindo a privatização e o uso da coca. Apesar de suas acusações de corrupção, ele não foi condenado, e agora essa história ressoa na nova trajetória de seu filho.
A transição política traz questionamentos, já que o PDC não garantiu uma maioria no legislativo, o que forçará Paz a construir alianças estratégicas para assegurar a governabilidade. Durante seu discurso de vitória em La Paz, ele expressou seu objetivo de “abrir a Bolívia para o mundo”, sublinhando uma intenção de melhorar as relações diplomáticas com países ocidentais, inclusive os Estados Unidos, após anos de alinhar-se com potências como Rússia e China.
Paz representa uma alternativa moderada em um cenário onde os eleitores, especialmente os mais jovens, buscavam mudanças. Sua candidatura ganhou força, em parte, devido a Edman Lara, seu companheiro de chapa e ex-policial com forte apelo populista nas redes sociais. No entanto, o novo governo enfrentará desafios significativos, especialmente com as movimentações sociais e indígenas que estão prontas para se opor a qualquer ameaça aos avanços sociais conquistados.
Enquanto a Bolívia se prepara para a posse de Paz, marcada para 8 de novembro, observa-se um cenário político tenso, onde tanto eleitores quanto movimentos sociais demonstram uma expectativa cautelosa sobre os próximos passos do novo governo. A sorte de Rodrigo Paz vai depender da sua capacidade de navegar por esse complexo e reverberante cenário político, equilibrando promessas de reformas e crescimento econômico sem ferir as conquistas sociais que moldaram a Bolívia nas duas últimas décadas.