INTERNACIONAL – Rodrigo Paz derrota Jorge Quiroga e assume presidência da Bolívia, encerrando quase 20 anos de domínio do Movimento ao Socialismo (MAS).

Neste domingo, 19 de outubro, o senado da Bolívia celebrou uma mudança significante em sua história política com a vitória do senador Rodrigo Paz, do Partido Democrata Cristão (PDC), no segundo turno das eleições. Com 54,5% dos votos, ele superou seu rival, o conservador Jorge “Tuto” Quiroga, que recebeu 45,5%. Essa vitória representa o fim de quase 20 anos de domínio do Movimento ao Socialismo (MAS), que, desde 2006, esteve no centro da política boliviana, em grande parte devido ao apoio da maioria indígena do país.

Rodrigo Paz Pereira, de 58 anos, é um político com raízes profundas na história da Bolívia. Nascido em 1967, na cidade espanhola de Santiago de Compostela, durante o exílio da sua família em razão das ditaduras militares que assolaram o país, ele traz consigo um legado político significativo. Seu pai, Jaime Paz Zamora, foi presidente entre 1989 e 1993 e implementou políticas controversas, incluindo a privatização e o uso da coca. Apesar de suas acusações de corrupção, ele não foi condenado, e agora essa história ressoa na nova trajetória de seu filho.

A transição política traz questionamentos, já que o PDC não garantiu uma maioria no legislativo, o que forçará Paz a construir alianças estratégicas para assegurar a governabilidade. Durante seu discurso de vitória em La Paz, ele expressou seu objetivo de “abrir a Bolívia para o mundo”, sublinhando uma intenção de melhorar as relações diplomáticas com países ocidentais, inclusive os Estados Unidos, após anos de alinhar-se com potências como Rússia e China.

Paz representa uma alternativa moderada em um cenário onde os eleitores, especialmente os mais jovens, buscavam mudanças. Sua candidatura ganhou força, em parte, devido a Edman Lara, seu companheiro de chapa e ex-policial com forte apelo populista nas redes sociais. No entanto, o novo governo enfrentará desafios significativos, especialmente com as movimentações sociais e indígenas que estão prontas para se opor a qualquer ameaça aos avanços sociais conquistados.

Enquanto a Bolívia se prepara para a posse de Paz, marcada para 8 de novembro, observa-se um cenário político tenso, onde tanto eleitores quanto movimentos sociais demonstram uma expectativa cautelosa sobre os próximos passos do novo governo. A sorte de Rodrigo Paz vai depender da sua capacidade de navegar por esse complexo e reverberante cenário político, equilibrando promessas de reformas e crescimento econômico sem ferir as conquistas sociais que moldaram a Bolívia nas duas últimas décadas.

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