A liderança brasileira nesta edição da cúpula possibilita ao país moldar as pautas de debate. Especialistas em relações internacionais, como o professor Feliciano de Sá Guimarães, destacam que uma das principais diretrizes do Brasil será evitar que o Brics se torne um bloco antiocidental. Apesar das tensões geopolíticas, Guimarães acredita que a posição brasileira deve ser de cooperação, reconhecendo que tanto os Estados Unidos quanto a Europa desempenham papéis essenciais na cena global.
Com a recente ampliação do grupo, incluindo novos membros como Irã, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Indonésia, há uma expectativa de que isso fortaleça o Brics. Contudo, a expansão pode igualmente diluir a influência do Brasil dentro da coalizão. O professor explica que, embora a diversificação de membros traga um novo arranjo de poder, o Brasil deve ser cauteloso em como se insere neste novo contexto.
Durante a cúpula, um dos temas centrais será o uso de moedas nacionais nas transações comerciais, buscando reduzir a dependência do dólar. O professor observa que alguns acordos já estão em vigor, como o comércio entre Brasil e China na moeda local, mas enfatiza que essa transição requer cuidadosa consideração, uma vez que as reservas do Brasil estão majoritariamente em dólares.
Além disso, a cúpula abordará assuntos prementes como mudança climática, Inteligência Artificial e os desdobramentos das tecnologias emergentes. O Novo Banco de Desenvolvimento, dirigido pela ex-presidente Dilma Rousseff, será um dos principais produtos de sucesso do grupo, fomentando investimentos sustentáveis em infraestrutura entre os países-membros.
A reunião servirá, ainda, como uma oportunidade para o Brasil reafirmar sua posição no cenário internacional, especialmente após um período de isolamento político. O país tem se esforçado para restaurar sua credibilidade global através da organização de importantes cúpulas, como o G20 e a COP30, que ocorrerá em Belém em novembro.
Com 39% da economia mundial e quase metade da população global, o Brics se apresenta não apenas como um fórum de discussão, mas como uma plataforma potencialmente transformadora, vislumbrando uma nova ordem internacional mais inclusiva. À medida que os países do grupo se reúnem, a expectativa é de que novas diretrizes e alianças sejam traçadas, reafirmando a importância do diálogo multilaterais em um mundo cada vez mais complexo e interconectado.