Críticos dessa abordagem alertam que o gerrymandering pode comprometer a integridade da democracia nos Estados Unidos. James N. Green, professor emérito de história da Universidade de Brown, apontou que Trump teme uma possível perda de cadeiras na Câmara de Representantes em 2026, uma vez que historicamente presidentes tendem a perder apoio no parlamento durante as eleições intermediárias. Essa preocupação se intensifica dado que a maioria atual dos republicanos é mínima, com apenas três deputados a mais.
Em agosto, o Texas já havia implementado mudanças significativas em seus distritos, aumentando em cinco o número de representantes. Essa alteração foi criticada pelo deputado democrata Vince Perez, que argumentou que a nova configuração favorecia a população branca em detrimento da diversidade racial, sugerindo que, sob os novos mapas, o voto de um branco valeria mais do que o de cinco eleitores negros.
Green descreveu como a manipulação pode ser realizada, destacando que os distritos podem ser traçados para dividir áreas urbanas com populações diversas, diluindo assim seu poder representativo ao incluí-los em áreas mais rurais e homogêneas. Essa situação mostra que, diferentemente do Brasil, onde o sistema proporcional permite uma representação mais equitativa, o modelo distrital dos EUA resulta em eleições majoritárias que favorecem certos grupos políticos.
Com a aprovação da alteração dos distritos no Missouri prevista para breve, o governador Mike Kehoe declarou que a mudança visa assegurar a representação dos valores conservadores do estado. Trump elogiou essa iniciativa, argumentando que o novo mapa proporcionará ao povo do Missouri uma chance de eleger mais republicanos.
Nesse cenário, a Califórnia, sob domínio democrata, também está considerando redesenhar seus próprios distritos como resposta ao que está acontecendo em estados republicanos, embora as leis locais exijam um referendo para tal mudança.
Por fim, a batalha pela configuração dos distritos eleitorais tem levado outros estados como Indiana, Flórida e Ohio a repensar suas divisões. Ao mesmo tempo, os estados democratas, como Illinois e Nova York, também sinalizam a intenção de alterar os limites em resposta às manobras dos republicanos, evidenciando um jogo político acirrado em torno do controle legislativo. Essa dança entre partidos promete intensificar ainda mais os debates sobre a democracia e a representação nos EUA.