INTERNACIONAL – Parlamento iraniano suspende cooperação com AIEA em meio a tensões com Israel e EUA, buscando garantias de segurança para seu programa nuclear e soberania.



Na última quarta-feira, o Parlamento do Irã ratificou um projeto de lei que interrompe a colaboração do país com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Esta decisão, conforme anunciado pelo presidente da Assembleia, Mohammad Bagher Ghalibaf, reflete uma crescente desconfiança em relação à AIEA, que o governo iraniano acusa de ser sujeita à influência de potências ocidentais, especialmente Israel e Estados Unidos.

Segundo Ghalibaf, a medida impede qualquer tipo de cooperação ou troca de informações com a agência até que o Irã receba garantias de segurança adequadas para suas instalações nucleares e para seus cientistas. De acordo com Ebrahim Rezai, porta-voz do Comitê de Segurança Nacional e Política Exterior do Parlamento, as garantias exigidas envolvem o respeito à soberania nacional do Irã e a integridade territorial do país. O parlamentar enfatizou a necessidade de assegurar os direitos do Irã conforme estabelecido no Artigo IV do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), destacando, em particular, o direito ao enriquecimento de urânio.

A votação acontece em um contexto de tensão crescente na região, com a recente escalada de hostilidades entre Israel, Estados Unidos e Irã. Teerã alega que a AIEA age de maneira politicamente motivada e, por isso, não pode ser considerada uma entidade neutra em suas avaliações. O governo iraniano também questiona as afirmações de que estaria próximo de desenvolver armas nucleares, defendendo que seu programa nuclear é pacífico e que sempre respeitou os acordos firmados no âmbito do TNP.

Especialistas em geopolítica, como o professor Ronaldo Carmona, apontam que os ataques de Israel e Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas têm gerado um novo cenário em que o Irã pode se sentir pressionado a reconsiderar a natureza de seu programa nuclear. O professor indica que, sob ameaças externas, a possibilidade de Teerã buscar um arsenal nuclear como forma de dissuasão torna-se mais plausível. Para Carmona, a falta de desarmamento por parte das potências nucleares tem incentivado regimes ameaçados a considerar a aquisição de armas nucleares.

Este embate geopolítico também é reconhecido por especialistas que acreditam que o sistema internacional de não proliferação nuclear enfrenta sérios desafios, especialmente para países que se sentem cercados por adversários. Certamente, esta nova perspectiva no cenário iraniano tem potencial para alterar o equilíbrio de poder no Oriente Médio, enquanto as tensões entre as nações continuam a se intensificar.

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