Desde 2 de março, a entrada de qualquer ajuda humanitária em Gaza havia sido proibida, resultando em uma grave crise humanitária. Organizações internacionais e agências da ONU alertam para a escassez alarmante de alimentos, água potável, combustíveis e medicamentos em uma região que já enfrenta os efeitos devastadores de um conflito que se arrasta há mais de 19 meses. As mais recentes reações de líderes de agências humanitárias, como Tom Fletcher, do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha), consideram a quantidade de assistência autorizada como “lamentável”, enfatizando a inadequação diante das necessidades reais da população.
A situação se torna ainda mais crítica com os bombardeios intensificados, conforme denunciado pela Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA). A organização destacou que, enquanto as bombas continuam a cair sobre Gaza, a ajuda humanitária ainda enfrenta enormes barreiras para entrar, apesar das promessas de Israel de facilitar a situação. Em um comunicado, a UNRWA recordou que, durante 11 semanas, mantimentos essenciais foram deliberadamente bloqueados, resultando em mortes e deslocamento em massa.
Além disso, a Oxfam Intermón manifestou preocupações sobre a insuficiência do fluxo de ajuda, afirmando que a autorização atual não representa um verdadeiro avanço. A organização destacou a urgência de criar “corredores seguros” para um socorro humanitário eficaz, enquanto as hostilidades continuam a agravar a situação já insustentável para a população de Gaza.
Nos últimos dias, Israel intensificou sua campanha de bombardeios, privando cerca de dois milhões de pessoas de necessidades básicas. De acordo com Wassem Mushtaha, líder da Oxfam, os civis em Gaza estão em uma situação desesperadora, enfrentando fome, doenças e traumas em meio a um cenário de deslocamento em massa. A situação, segundo especialistas, é a mais grave enfrentada pela região desde o início da ofensiva israelense em resposta a ataques perpetrados pelo Hamas e outras facções palestinas. A autorização recente de ajuda, portanto, é recebida com ceticismo, sendo vista mais como uma resposta à pressão internacional do que como um verdadeiro caminho para a recuperação e estabilização da região.
