Vieira propôs a criação de um grupo de trabalho com o objetivo de fortalecer a estratégia das relações e diálogos entre as nações da região e outros estados, de modo a garantir um direcionamento mais coeso nas interações internacionais. “Não podemos admitir intervenções externas, sob nenhum pretexto”, afirmou o ministro, enfatizando que a inação diante de intimidações poderia abrir caminho para novas ingerências externas, um fenômeno que ele descreveu como um retorno a práticas do passado.
O ministro também fez uma severa crítica à presença de forças militares não regionais na América Latina, referindo-se a isso como um retrocesso histórico que evoca intervenções do século 19 e 20. Recentemente, a maioria dos países da Celac já havia manifestado preocupação com a movimentação militar dos Estados Unidos na costa da Venezuela, onde navios e tropas têm sido enviados, evidenciando a tensão na região.
Durante sua fala, Vieira levantou questões importantes sobre a designação de grupos crime como alvos terroristas, alertando que isso poderia justificar ações armadas que violam a Carta das Nações Unidas, criando um precedente perigoso para a instabilidade geopolítica. Ele reiterou que, para o Brasil, a Celac é um espaço vital para enfrentar coletivamente desafios como a pobreza e a fome, além de promover o desenvolvimento e a integração territorial.
Além disso, o ministro defendeu que o próximo secretário-geral das Nações Unidas, cargo ocupado atualmente por António Guterres, deveria ser escolhido entre cidadãos latino-americanos ou caribenhos, visando um sistema internacional mais justo e representativo, com as eleições programadas para 2026.
Fundada em 2010, a Celac reúne 33 países da América Latina e do Caribe e desde então se torna um fórum essencial para discutir temas relevantes como educação, infraestrutura, cultura e desenvolvimento sustentável, o que destaca sua importância estratégica no cenário global atual, diante da necessidade de assertividade e unidade entre os países latino-americanos e caribenhos.