INTERNACIONAL – Militante Thiago Ávila retorna ao Brasil após detenção em Israel e pede rompimento de relações com o país em protesto contra a violência aos palestinos.

Thiago Ávila retorna ao Brasil após detenção em missão humanitária para Gaza

O militante Thiago Ávila, um dos 12 integrantes da Coalizão Flotilha Liberdade, chegou ao Brasil nesta quinta-feira, comovendo apoiadores ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. O grupo que ele integra foi interceptado por autoridades israelenses enquanto se dirigia à Faixa de Gaza com o objetivo de promover uma ação humanitária em apoio aos palestinos.

Recebido por um grupo de militantes que erguiam faixas e bandeiras em prol da causa palestina, Ávila comunicou sua experiência dramática aos presentes. Ele vestia ainda o uniforme que recebera no momento em que foi levado a uma cela solitária, onde passou dois dias em condições que ele descreveu como difíceis. O ativista expressou gratidão pela atuação da representação diplomática brasileira, que, segundo ele, foi “extremamente solícita” ao oferecer auxílios durante sua detenção.

Durante seu tempo em cativeiro, Ávila decidiu fazer uma greve de fome em protesto, revelando que o ambiente da cela em que ficou era similar a uma masmorra antiquada, embora ele afirmasse que a estrutura contava com cerca de 80 anos. Ao comentar sobre a natureza da detenção, ele observou que o tratamento poderia ter sido mais severo não fosse a presença da eurodeputada Rima Hassan, que atuou em favor dos tripulantes.

Ao ser questionado sobre agressões sofridas por parte das forças israelenses, Ávila respondeu com serenidade, ressaltando que suas experiências pessoais eram apenas “uma fração” das violências sistemáticas enfrentadas pelos palestinos. Ele criticou as táticas de Israel, que tentaram criar uma imagem de recepção acolhedora aos ativistas, mesmo forçando-os a assinar documentos alegando que haviam entrado no país ilegalmente. Ávila afirmou que se negou a assinar tais documentos e que as autoridades determinaram sua proibição de entrada em Israel por 100 anos.

Convicto de suas opiniões, Ávila defende que o Brasil deveria romper laços diplomáticos com Israel, apontando que essa poderia ser uma oportunidade para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se distanciar de uma “ideologia odiosa”. “Tudo que eles têm são suas armas, seu ódio, seu exército”, disse, ao enfatizar a urgência de uma reavaliação dos vínculos com o país.

Em relação à cobertura midiática do conflito, o ativista observou que os jornalistas muitas vezes se deparam com limitações em suas redações ao tentarem relatar a verdade. Ele destacou que é crucial diferenciar entre antisemitismo e antissionismo, lembrando que existem judeus globalmente que apoiam a causa palestina e que o sonho de convivência pacífica foi destruído pelo imperialismo britânico e pelo sionismo.

Ao final de sua declaração, Ávila instou pela união contra aqueles que considera “o inimigo número 1”, referindo-se ao primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. Para ele, a resposta à opressão deve ser uma corrente de solidariedade, amor e persistência.

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