Ziad Saifi, um comerciante de origem libanesa, explicou que a motivação da manifestação era lutar pela liberdade e pelo fim do que classificou como genocídio na Palestina. “Estamos aqui para expressar nossa solidariedade à flotilha que foi sequestrada pelo Estado de Israel em águas internacionais”, afirmou Saifi, cuja declaração ressoou entre os presentes, que elevavam suas vozes contra o que consideram preconceito ocidental em relação ao mundo árabe e as constantes perseguições a muçulmanos.
O ato contou com a participação de um grupo diversificado, que incluiu representantes de várias entidades políticas, sindicatos, e jovens ativistas. Bernardo Cerdeira, um jornalista com ampla experiência em questões relacionadas ao Oriente Médio, fez um clamor para que o governo brasileiro rompa relações comerciais com Israel. “É inaceitável que continuemos a exportar petróleo e aço para um Estado que comete tais atrocidades”, enfatizou Cerdeira.
Os manifestantes também evocaram a figura de Yasser Arafat, lembrando seu legado e o prêmio Nobel da Paz que recebeu por suas tentativas de estabelecer um diálogo no conflito israelense-palestino. A nova geração, representada por jovens como Sol, de 19 anos, uniu-se ao protesto para destacar a resistência anticolonial que a causa palestina representa globalmente.
Um ponto central da manifestação foi a Flotilha Global Sumud, composta por 50 embarcações e 461 ativistas que se dirigiam a Gaza com doações de alimentos e suprimentos médicos. Todos os navios foram interceptados pela marinha israelense e seus ocupantes prenderam. Esse ato gerou críticas internacionais, especialmente em relação a relatos de violência desnecessária durante a prisão, como no caso da ativista norueguesa Greta Thunberg. A professora aposentada Marta da Silva Mendes defendeu que todos devem lutar pelos direitos dos ativistas e pelas vítimas da situação na Palestina.
Entre os mais de 400 ativistas detidos, onze são brasileiros. O governo brasileiro se posicionou, afirmando que a interceptação dos barcos viola o direito internacional de navegação. Em uma nota oficial, o Ministério das Relações Exteriores destacou a necessidade de responsabilizar Israel por quaisquer ações ilegais contra os ativistas e pediu garantias de segurança aos detidos. A mobilização em São Paulo, assim, além de protestar contra a repressão, busca dar voz a uma demanda global por justiça e paz na região.