A análise do Palácio do Planalto revela preocupações quanto ao impacto que uma declaração deste tipo poderia causar em relação às autoridades dos Estados Unidos, especialmente no contexto de um eventual respaldo a uma intervenção militar na Venezuela, algo que não é de interesse para o Brasil. O comunicado, embora abordasse questões sérias, não toca na crescente tensão entre os EUA e a Venezuela, nem na intensificação da presença militar americana na região do Caribe.
O governo do ex-presidente Donald Trump não reconhece Nicolás Maduro, que está no poder desde 2013, como o legítimo presidente. A administração americana tem tomado medidas drásticas, incluindo a apreensão de embarcações com petróleo venezuelano, utilizando a justificativa de combate ao narcotráfico. Para Maduro e seus aliados, essas ações refletem um interesse maior nas riquezas petrolíferas do país e têm como objetivo desestabilizar seu governo.
O comunicado conjunto foi assinado por líderes de países como Argentina, Paraguai e Panamá, além de autoridades de Bolívia, Equador e Peru. Na declaração, expressaram preocupação com a grave crise migratória e as condições sociais na Venezuela, que continua suspensa do Mercosul desde 2017 devido à ruptura da ordem democrática.
Os líderes que assinaram o documento reafirmaram seu compromisso de promover a restauração da democracia por meios pacíficos e solicitaram a libertação de presos políticos. Além disso, reiteraram a validade do Protocolo de Ushuaia, que aborda compromissos democráticos entre os membros do bloco.
O presidente Lula, embora não tenha reconhecido oficialmente o resultado das eleições recentes na Venezuela, tem agido com cautela em suas declarações sobre o país vizinho. Em conversas anteriores com Maduro e Trump, Lula enfatizou a importância de buscar soluções diplomáticas, alertando que qualquer intervenção militar seria um caminho desastroso que poderia resultar em uma catástrofe humanitária.
Durante sua fala na cúpula, Lula destacou a necessidade de respeitar a soberania do continente e evitar que potências externas testem os limites do direito internacional na América do Sul. Em contrapartida, o presidente argentino Javier Milei criticou Maduro, rotulando-o de “narcoterrorista” e apoiando a pressão dos EUA por mudanças no regime venezuelano, sinalizando uma divisão de opiniões entre os membros do bloco.
