Entretanto, a oposição não tardou em reagir. Liderada por Edmundo González, que recebeu 44% dos votos, a campanha opositora declarou que não reconhece o resultado. Outro nome de destaque na oposição, Maria Corina Machado, denunciou irregularidades no processo eleitoral, alegando que muitas atas das urnas não foram entregues às testemunhas opositoras. “O dever das Forças Armadas nacionais é fazer valer a vontade popular, e é isso que nós esperamos”, disse Machado.
Maduro, por sua vez, enfatizou a credibilidade do sistema eleitoral venezuelano, destacando suas 16 auditorias, e pediu respeito aos resultados. Ele também comparou a situação com as eleições nos Estados Unidos, dizendo que a Venezuela não interferiu quando Trump alegou fraude no pleito americano. “Já conhecemos esse filme da oposição que costuma acusar fraude”, ironizou, mencionando um episódio de 2004 em que líderes opositores prometeram apresentar provas de fraude, mas nunca o fizeram.
Além das acusações de fraude, o processo eleitoral foi marcado por um ataque hacker que retardou a divulgação dos resultados. Maduro afirmou que as autoridades já sabem de onde partiu o ataque e que a investigação está em andamento. Ele também não poupou críticas ao presidente argentino Javier Milei, que não reconheceu os resultados e chamou os militares venezuelanos à intervenção. “Milei, não aguentas um round comigo, bicho covarde. Traidor da pátria”, disparou Maduro.
Apesar das controvérsias, outros candidatos da oposição, como Benjamín Rausseo, Daniel Ceballos, José Brito e Luis Eduardo Martínez, reconheceram os resultados do CNE. No entanto, Edmundo González manteve sua postura de não aceitação, e Maria Corina Machado seguiu pedindo ação das Forças Armadas. González afirmou que a luta pela verdadeira vontade do povo venezuelano continua, enquanto Machado criticou a ausência de transparência e declarou que a oposição possuiu apenas 40% das atas eleitorais em mãos.
Diante das tensões, há uma expectativa de que o CNE publique todas as atas das urnas para garantir a veracidade do processo eleitoral. Governos ao redor do mundo estão divididos: alguns, como os da Rússia, Bolívia, China e Cuba, parabenizaram Maduro, enquanto outros, incluindo a Colômbia, os Estados Unidos, a União Europeia e o Brasil, pediram a publicação das atas para uma maior transparência. Desde 2004, os resultados eleitorais na Venezuela são alvo de desconfiança internacional, embora observadores como o Centro Carter e a Missão de Observação da União Europeia não tenham apontado fraudes flagrantes nos pleitos recentes.
Maduro encerrou seu discurso convocando a oposição ao diálogo e rejeitando a violência ou qualquer tipo de golpe de Estado. Resta agora ver como os próximos capítulos dessa conturbada saga política irão se desenrolar.