Além de Lula e sua comitiva, composta por ministros, assessores e outros integrantes do governo federal, cerca de 200 empresários brasileiros viajarão a Santiago para participar do Fórum Empresarial Chile-Brasil. Este evento ocorrerá simultaneamente com a agenda presidencial, promovendo um intercâmbio comercial intensificado entre os dois países.
A embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores (MRE), sublinhou a importância simbólica da viagem, que sinaliza uma reaproximação diplomática após a posse de Gabriel Boric como presidente do Chile, em março de 2022. Segundo Padovan, o objetivo é expandir a agenda bilateral para além dos temas econômicos e comerciais, incluindo áreas como ciência e tecnologia, democracia, direitos humanos, inovação, saúde e educação.
O Brasil tem particular interesse em discutir questões relacionadas à indústria de defesa, campo no qual os países já possuem uma cooperação histórica, especialmente na fabricação de aeronaves. Além disso, há intenção de ampliar a exportação de itens agropecuários, como óleos, para o Chile. O país andino, por sua vez, busca abordar temas como segurança pública, combate ao crime, gestão de riscos de desastres naturais e segurança cibernética.
Padovan destacou que ambos os países estão alinhados em várias questões da agenda global, incluindo democracia, integração regional, meio ambiente, direitos humanos e inclusão social. Esse alinhamento, segundo ela, fará do diálogo político uma peça-chave durante a visita.
O Itamaraty informou que 17 cooperações estão prontas para serem firmadas durante a visita. Entre as áreas abrangidas estão saúde pública, políticas de cuidados, boas práticas para gestão de recursos hídricos, direitos humanos, ciência, tecnologia e inovação. Na esfera comercial, os acordos visam fortalecer a exportação, certificação de produtos orgânicos, exploração de minerais estratégicos para a transição energética e estímulo ao turismo.
Carlos Cuenca, Chefe da Divisão de Argentina, Uruguai e Chile do Itamaraty, explicou que a visita inicial, prevista para maio, foi adiada devido à tragédia socioambiental no Rio Grande do Sul. Esse adiamento permitiu que novos acordos fossem concluídos, demonstrando a diversificação da agenda bilateral.
Brasil e Chile celebram 188 anos de relações diplomáticas, com mais de 90 acordos bilaterais em vigor. O Brasil é o terceiro maior parceiro comercial do Chile e o maior destino dos investimentos chilenos globalmente. O Chile é o sexto maior destino das exportações brasileiras e o maior investidor latino-americano no Brasil, com um comércio bilateral anual de cerca de US$ 12 bilhões.
A visita de Lula ao Chile promete, portanto, consolidar e expandir a já robusta relação entre as duas nações, abrindo novas frentes de cooperação e intercâmbio que vão além do comércio, englobando uma ampla gama de pontos de interesse mútuo.