Lula destacou que os conflitos armados, além de causar um imenso sofrimento humano e devastar infraestruturas, também desestabilizam as cadeias de fornecimento de insumos e alimentos. Afirmou que as barreiras e políticas protecionistas impostas por países mais ricos agravam ainda mais a situação da produção agrícola nas nações em desenvolvimento. O presidente também referiu-se à situação de insegurança alimentar em nível global, enfatizando que, apesar do mundo ser capaz de produzir alimentos suficientes para alimentar 1,5 vez a população, cerca de 673 milhões de pessoas ainda enfrentam esse problema.
O líder brasileiro não deixou de mencionar que o Brasil, segundo informações da FAO, saiu recentemente do Mapa da Fome. Ele celebrou o avanço do país, que, segundo dados recentes, conseguiu a menor proporção de domicílios em situação de insegurança alimentar grave na sua história. Lula comentou que o país está interrompendo um ciclo de exclusão, afirmando que “um país soberano é aquele que consegue alimentar seu povo”.
Abordando o tema do multilateralismo, Lula expressou orgulho pela participação do Brasil nos 80 anos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), reiterando a importância do trabalho conjunto com o Programa Mundial de Alimentos e o Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura. Ele enfatizou que o mundo seria menos convivente sem iniciativas multilaterais, que têm promovido o reconhecimento do direito à alimentação em várias legislações ao redor do globo.
Refletindo sobre a evolução das últimas décadas, Lula lembrou que, há dez anos, celebrava os 70 anos da FAO em um contexto otimista, quando a comunidade internacional se uniu em torno da Agenda 2030. Contudo, ele expressou preocupação com o atual cenário, onde tanto a capacidade de ação conjunta quanto a confiança na colaboração global estão abaladas. Apesar dos desafios crescentes, Lula reafirmou a importância da FAO, dizendo que enquanto houver fome, a atuação da organização será essencial.