Lula concedeu uma entrevista à imprensa em Joanesburgo, na África do Sul, onde participou da Cúpula de Líderes do G20, um encontro que reúne as principais economias do mundo. O presidente destacou a necessidade de um investimento robusto em adaptação às mudanças climáticas, conforme delineado no Acordo de Belém, resultado final da COP30. No entanto, o documento controversamente exclui qualquer referência específica aos combustíveis fósseis, como petróleo e carvão mineral, que são os principais responsáveis pelas emissões que aquecem o planeta.
Lula reconheceu a complexidade da discussão, considerando que o Brasil é um grande produtor de petróleo, extraindo cerca de cinco milhões de barris diariamente. Ele ressaltou que o fim do uso de combustíveis fósseis é uma questão que deve engajar especialistas e representantes da indústria petrolífera, levando em conta que o petróleo também é utilizado em produtos petroquímicos que vão além da produção de combustíveis.
Durante as negociações, o governo brasileiro defendeu a inclusão de um cronograma para a transição energética, mas a proposta acabou sendo suprimida em favor de um entendimento mais amplo, visando um acordo unificado. Lula comentou sobre a dificuldade em mudar a abordagem e elogiou o resultado final, afirmando que o multilateralismo saiu fortalecido.
O presidente também utilizou a oportunidade para destacar a importância de utilizar recursos oriundos do petróleo na transição energética, mencionando as práticas já implementadas no Brasil, como a adição de biodiesel à gasolina e ao diesel. Ele enfatizou que o país está na vanguarda dessa transformação e que a discussão sobre a necessidade de reduzir a emissão de gases do efeito estufa é essencial para o futuro.
Em relação ao G20, Lula abordou a ausência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na cúpula, minimizando seu impacto nas decisões do grupo. O presidente enfatizou a força do multilateralismo e a importância de implementar ações concretas a partir dos acordos firmados.
Além disso, o presidente brasileiro manifestou preocupação com as movimentações militares dos Estados Unidos na Venezuela, enfatizando a necessidade de um diálogo pacífico e a importância de manter a América do Sul como uma zona de paz. Lula apelou para a necessidade de evitar conflitos e reiterou que o Brasil tem um papel relevante na busca por soluções diplomáticas. Após uma intensa agenda na África do Sul, Lula seguiu para Maputo, Moçambique, onde dará continuidade a sua viagem oficial.
