Lula, que participava de uma entrevista à imprensa em Joanesburgo, na África do Sul, durante a Cúpula de Líderes do G20, comentou que o acordo adotado na COP30 priorizou a necessidade de aumentar os investimentos em estratégias de adaptação às mudanças climáticas, mas não abordou diretamente a eliminação dos combustíveis fósseis, como petróleo e carvão mineral, que são em grande parte responsáveis pelo aquecimento global.
Ele destacou que a introdução do “Mapa do Caminho” no debate era um tema delicado, principalmente porque o Brasil é um grande produtor de petróleo, com uma extração diária de 5 milhões de barris. Lula reconheceu que a oposição à eliminação dos combustíveis fósseis existe até dentro do próprio Brasil e argumentou que a transição exige o envolvimento de especialistas e empresas do setor.
Apesar de sua insistência em discutir um cronograma para esta transição, a proposta foi deixada de fora do acordo principal, com um compromisso de ser abordada em um documento paralelo apresentado pelo Brasil, anfitrião do evento. O presidente expressou que mudar a posição do Brasil nessas negociações foi um desafio considerável, mas que o país buscava construir um consenso.
Lula considerou o resultado da COP30 um sucesso, enfatizando que o Brasil já tem demonstrado liderança na diminuição do uso de combustíveis fósseis com a inclusão de biodiesel em sua matriz energética. Para ele, a conferência foi um passo importante para discutir a redução das emissões de gases de efeito estufa, especialmente considerando que os combustíveis fósseis são responsáveis por mais de 80% dessas emissões.
Na discussão sobre o G20, Lula minimizou a ausência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ressaltando que a atuação do bloco internacional continua sendo relevante independentemente da participação de uma única nação. Ele enfatizou a importância de avançar nas decisões tomadas durante a cúpula para que os compromissos multilaterais sejam efetivamente implementados.
Em outro ponto da entrevista, Lula manifestou preocupação com a presença militar dos Estados Unidos no Caribe, especialmente em relação à Venezuela. Ele pretende discutir o assunto com Trump, visando encontrar uma solução pacífica e evitar que a situação se agrave, como ocorrido no conflito entre Rússia e Ucrânia. Com sua participação ativa no cenário internacional, o presidente brasileiro se prepara para continuar sua agenda, que inclui uma visita a Moçambique após sua passagem pela África do Sul.
