INTERNACIONAL – Lula anuncia ação na OMC contra tarifas de Trump e promete retaliações se necessário para proteger comércio brasileiro.

Em uma entrevista concedida à Record TV na última quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que o governo brasileiro tomará medidas diplomáticas para contestar as novas tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre as exportações de produtos brasileiros. Essa decisão foi comunicada por Donald Trump e, segundo Lula, o Brasil se mobilizará para formalizar uma reclamação na Organização Mundial do Comércio (OMC) na busca pela reversão dessa imposição. Caso as negociações não sejam frutíferas, o presidente afirmou que o país não hesitará em aplicar retaliações proporcionais, com base na Lei da Reciprocidade.

Lula enfatizou que a prioridade inicial será a negociação e a articulação com outras nações que também estão sendo afetadas por tarifas norte-americanas. “Dentro da OMC, podemos formar uma coalizão de países afetados pelas taxas. Se os esforços para resolver a situação não derem certo, precisaremos acionar a Lei da Reciprocidade”, disse. Essa lei, que foi sancionada em abril, estabelece diretrizes para responder a medidas comerciais prejudiciais adotadas por outros países ou blocos econômicos.

Além das ações na OMC, o presidente anunciou a criação de um comitê com a participação de empresários do setor exportador, solene na missão de repensar a estratégia comercial brasileira com os EUA. Ele rejeitou a ideia de constituir um “gabinete de crise”, preferindo adotar uma abordagem mais proativa. Lula reafirmou seu compromisso em apoiar o setor empresarial, buscando redirecionar os produtos que poderiam deixar de ser vendidos nos EUA para novos mercados.

O presidente também aproveitou a oportunidade para criticar a forma como a comunicação sobre as tarifas ocorreu, chamando de inadequada a divulgação da carta de Trump antes de ser oficialmente recebida pelo governo brasileiro. Lula ressaltou a importância do respeito nas relações diplomáticas, sublinhando a longa história entre Brasil e Estados Unidos, marcada por um diálogo respeitoso e cooperativo.

Em relação ao superávit comercial dos EUA com o Brasil, Lula contestou os argumentos de Trump, afirmando que os Estados Unidos têm se beneficiado economicamente da relação bilateral ao longo dos anos. Ele ainda mencionou a independência do Judiciário brasileiro ao responder a uma exigência de Trump, ressaltando que as decisões judiciais no Brasil são autônomas e não devem ser influenciadas por pressões externas.

Por fim, Lula responsabilizou o ex-presidente Jair Bolsonaro pela atual situação comercial, argumentando que ele, juntamente com seu filho, influenciou de forma negativa as relações com os Estados Unidos, contribuindo assim para a atual penalização do comércio brasileiro.

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