INTERNACIONAL – Inteligência Artificial é usada como pretexto por EUA e Israel para justificar ataques ao Irã, afirma especialista em segurança e geopolítica.



Tecnologia e Guerra: O Papel da Inteligência Artificial nos Conflitos Geopolíticos

Os recentes ataques de Israel ao Irã colocam em evidência uma nova dinâmica nas relações internacionais, onde a Inteligência Artificial (IA) assume um papel central. A alegação de que o Irã estaria enriquecendo urânio para desenvolver armas nucleares foi fundamentada em análises realizadas por sistemas de IA, revelando como a tecnologia pode influenciar decisões de segurança nacional e gerar conflitos.

O major-general português Agostinho Costa, especialista em segurança e geopolítica, destacou que esta poderia ser a primeira guerra efetivamente iniciada por uma decisão tomada com a assistência de IA. Segundo ele, relatórios produzidos por essas tecnologias, como o programa Mosaic, contratado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), não necessariamente refletem evidências concretas, mas sim deduções que se tornam factuais no discurso político. O relatório da AIEA de maio de 2025, por exemplo, foi citado como um precursor para os ataques, embora não apresentasse provas irrefutáveis da intenção do Irã em desenvolver armas nucleares.

O software Mosaic é um exemplo de como ferramentas de IA foram adaptadas até mesmo para monitorar programas nucleares. Concebido originariamente para a guerra ao terrorismo no Afeganistão, hoje ele auxilia instituições policiais e de segurança em todo o mundo, além de agências internacionais. No entanto, a sua aplicação em um contexto tão delicado levanta preocupações sobre o "abuso" da tecnologia para justificar ações militares.

Após a publicação do relatório da AIEA, que afirmava pela primeira vez em duas décadas que o Irã não estava cumprindo obrigações de inspeção nuclear, Israel lançou um ataque em Teerã, ato que o Irã reagiu prontamente, acusando a AIEA de atuar de forma politiqueira. O parlamento iraniano inclusive chegou a aprovar a suspensão da cooperação com a agência atômica da ONU.

Apesar das alegações de que o país está desenvolvendo armamentos, o Irã defende que seu programa de enriquecimento é pacífico e civil. Especialistas, como Costa, apontam que, embora o país esteja enriquecendo urânio a 60%, esse nível ainda não é suficiente para fabricar armas nucleares, que requerem um enriquecimento a 90%. Além disso, a Diretora de Inteligência Nacional dos EUA, Tulsi Gabbard, chegou a afirmar em março que não havia evidências concretas de que o Irã estivesse em vias de construir uma bomba atômica, uma posição contestada posteriormente pelo próprio presidente americano.

Em suma, essa intrincada rede de informações, desinformações e decisões políticas orientadas por dados gerados por inteligência artificial está transformando a maneira como os conflitos são iniciados e conduzidos. Enquanto potências ocidentais justificam intervenções, o controle sobre a narrativa em torno da segurança nuclear permanece um tema extremamente sensível e complexo na geopolítica atual.

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