Durante sua apresentação, Pappe afirmou que rotular as ações israelenses como genocídio é crucial para enfrentar a questão palestina de forma apropriada. Ele argumentou que a narrativa predominante sobre a Palestina tem servido para perpetuar mitos que favorecem o projeto sionista, muitas vezes invisibilizando o sofrimento da população palestina. “É um erro chamar os palestinos de nômades”, disse ele, enfatizando que eles devem ser reconhecidos como vítimas de uma limpeza étnica.
Pappe, que leciona na Universidade de Exeter, expressou preocupação com a maneira como a história da Palestina é ensinada nas universidades, especialmente no Hemisfério Norte, onde o sionismo não é frequentemente entendido como um projeto de colonização. Ele criticou a falta de uma análise crítica sobre as implicações do sionismo e a resistência palestina, sugerindo que essa omissão tem permitido a normalização das ações de Israel, vistas muitas vezes como parte da Europa.
O historiador enfatizou que o sionismo nasceu como uma resposta ao antissemitismo europeu, mas fez isso à custa dos Direitos da população árabe e palestina. Para ele, a ideia de limpeza étnica transcende uma mera política, configurando-se como uma ideologia. Ele argumenta que, sem uma análise cuidadosa da conexão entre essa ideologia e as práticas genocidas, será impossível interromper as ações do estado israelense.
Durante o evento, Pappe compartilhou sua frustração em relação à reação internacional diante das imagens de violência emitidas de Gaza, e destacou que acadêmicos que se atrevem a descrever a situação de maneira direta frequentemente enfrentam represálias, sendo injustamente acusados de apoiar o terrorismo.
Ainda assim, ele se mostrou esperançoso com iniciativas de resistência intelectual que emergem em várias partes do mundo. A seu ver, o fato de que uma universidade como a USP esteja disposta a discutir esses temas de forma aberta representa um avanço significativo, embora ele ressalte que esse espaço deve ser constantemente defendido.
O evento contou com a presença de diversas personalidades influentes na luta pelos direitos palestinos, que também se manifestaram contra as condições enfrentadas pelos palestinos e destacaram a urgência de abordar a situação por meio de uma nova linguagem e compreensão, reforçando a importância de uma discussão honesta sobre os desafios que a região enfrenta.