A medida, aprovada na quinta-feira, estabelece alíquotas que variam entre 5% e 50% e incide sobre aproximadamente 1,5 mil produtos de 17 setores estratégicos, incluindo automóveis, autopeças, vestuário, indústrias de plásticos, siderurgia e eletrodomésticos. Além do Brasil, países como China, Índia, Coreia do Sul, Rússia e África do Sul também serão alvos desta nova política tarifária, que entrará em vigor em 1º de janeiro.
O governo brasileiro acredita que o setor automotivo será pouco afetado, graças a um acordo setorial de livre comércio que já existe entre Brasil e México. No entanto, há receios de que o aumento das tarifas reduza as preferências comerciais nas demais áreas, interferindo negativamente nas trocas comerciais e investimentos entre os dois países, dependendo das listas finais de produtos que ainda estão por vir.
O Brasil está em contato com autoridades mexicanas para discutir as implicações desse novo cenário tarifário. O governo enfatiza que as relações bilaterais são fundamentadas em um diálogo aberto e em uma visão estratégica compartilhada, defendendo que decisões unilaterais que impactem o comércio sejam abordadas com foco na previsibilidade e na segurança jurídica.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) alerta que até 15% das exportações brasileiras para o México podem ser influenciadas por essa nova política. A entidade solicita um aumento na comunicação entre os dois países neste momento, percebendo a urgência da situação.
A aprovação da reforma ocorreu recentemente no Senado mexicano, por 76 votos a favor, 5 contrários e 35 abstenções, e os parlamentares que se abstiveram levantaram preocupações sobre os possíveis efeitos inflacionários da medida. A presidente do México, Claudia Sheinbaum, é a favor da nova legislação e deverá sancioná-la em breve.
Esse desenvolvimento acontece em um contexto delicado, com a revisão do tratado de livre-comércio entre México, Estados Unidos e Canadá em pauta para 2026. Neste momento, o presidente dos EUA, Joe Biden, pressiona o governo mexicano, acusando-o de ser um ponto de entrada para produtos chineses nos EUA. O governo chinês, por sua vez, já criticou a reforma, afirmando que o protecionismo prejudica a economia global.
Apesar de afirmar que as novas tarifas atingirão apenas países sem acordos comerciais abrangentes, o Brasil mantém acordos setoriais com o México, que, até novembro de 2025, recebe 2,25% das exportações brasileiras, figurando como o sexto principal mercado para o Brasil, com cerca de US$ 7 milhões exportados no período.
