INTERNACIONAL – Governo argentino sob acusação de não distribuir alimentos para restaurantes populares gera crise política e demissões, revelam investigações.

O governo do presidente argentino Javier Milei está envolvido em uma polêmica acusação de não distribuição de alimentos para os restaurantes populares conhecidos como comedores. A situação levou à demissão do secretário de Crianças e Adolescentes do Ministério do Capital Humano, Pablo De la Torre, apontado como responsável pela distribuição dos mantimentos.

A crise política ganhou destaque devido à falta de repasses para os comedores comunitários. Mais de 32 estabelecimentos anunciaram o fim da distribuição de alimentos por falta de apoio do governo, afetando mais de 8 mil pessoas em situação de pobreza na região de Buenos Aires.

A associação civil Rede de Apoio Escolar e Educação Complementar (ERA) também teve que fechar os 13 comedores que mantinha, prejudicando mais de 3 mil crianças e adolescentes que se beneficiavam dos alimentos gratuitos oferecidos pela organização há mais de 30 anos.

Diante das acusações, o governo de Milei abriu uma auditoria para investigar a situação dos alimentos próximos do vencimento e atribuiu a culpa aos funcionários por não terem realizado um controle adequado do estoque e prazo de validade dos produtos.

A crise se intensificou com a determinação do juiz federal Sebastián Casanello de distribuir cinco toneladas de alimentos em 72 horas, uma decisão que o governo contestou, alegando que os alimentos armazenados eram para situações de emergência e não para os comedores comunitários em questão.

Enquanto isso, a pobreza na Argentina atingiu o maior nível em 20 anos, com mais de 27 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza em uma população total de 46 milhões de habitantes. A extrema pobreza também aumentou, atingindo 15% da população em janeiro de 2024.

A inflação no país continua alta, mas desacelerou ligeiramente nos últimos meses. As políticas do governo Milei de corte de investimentos e gastos do Estado como forma de estabilizar a economia têm recebido críticas de economistas heterodoxos, que alegam que essa estratégia está transferindo o ônus da crise para os mais vulneráveis da sociedade. Por outro lado, agentes do mercado financeiro têm elogiado tais medidas como necessárias para a recuperação econômica do país.

Neste contexto de crise alimentar e econômica, a população argentina continua a enfrentar desafios significativos, e as disputas políticas e judiciais em torno da distribuição de alimentos para os mais necessitados refletem as complexidades e tensões presentes na sociedade e no governo do presidente Milei.

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