INTERNACIONAL – G20 precisa desviar investimentos de energia suja para combater a fome de forma eficaz, aponta estudo.



 

Um estudo lançado por um grupo de organizações, que tem o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) como representante no Brasil, revelou que os países do G20 investiram cerca de US$ 1,4 trilhão em combustíveis fósseis em 2022. O relatório, intitulado “Fanning the Flames: G20”, destaca que esse valor é mais que o dobro do investimento feito antes da pandemia de covid-19 e da crise energética de 2019, além de ir contra as políticas ambientais e sociais.

O grupo do G20 é composto pelos ministros de finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores economias do mundo, mais a União Europeia. Ele foi criado em 1999. Segundo o estudo, o montante investido nos combustíveis fósseis inclui subsídios – US$ 1 trilhão -, investimentos de empresas estatais – US$ 322 bilhões – e empréstimos de instituições financeiras públicas – US$ 50 bilhões. As instituições que assinam o relatório afirmam que os membros do G20 poderiam lucrar US$ 1,4 trilhão adicionais ao impor taxas entre US$ 25 e 50 para cada tonelada de dióxido de carbono emitida na atmosfera.

Os autores do estudo recomendam que os países do G20 estabeleçam um prazo para eliminar os subsídios aos combustíveis fósseis – até 2025 para os países desenvolvidos e até 2030 para as economias emergentes, atendendo ao compromisso assumido em 2009 de reformar os subsídios. As instituições também defendem que os governos estabeleçam prazos para que as empresas estatais adotem metas de zero emissões líquidas e busquem alternativas de negócios e carteiras de empréstimos.

O relatório destaca a Índia como um exemplo positivo, pois o país conseguiu reduzir em 76% os subsídios aos combustíveis fósseis no período de 2014 a 2022, apostando na energia limpa. Livi Gerbase, assessora política do Inesc, ressalta que os países do G20 cobram taxas muito baixas sobre os combustíveis fósseis em comparação a outros emissores de dióxido de carbono.

No Brasil, os subsídios aos combustíveis fósseis foram de R$ 118,2 bilhões em 2021, valor semelhante ao do ano anterior. Para 2022, estima-se que esse valor seja ainda maior devido à redução das alíquotas de programas de integração social e contribuição para a seguridade social sobre os combustíveis fósseis. O estudo sugere que, caso houvesse uma reforma nas políticas de subsídios e a tributação do carbono, o G20 poderia destinar menos de um quarto dos US$ 2,4 trilhões gerados para a energia eólica e solar, contribuindo para limitar o aumento da temperatura global.

Os recursos investidos atualmente nos combustíveis fósseis poderiam ser direcionados para ações de combate à fome, acesso universal à eletricidade e culinária limpa, além de cumprir as promessas de financiamento climático para países em desenvolvimento. Essas medidas estariam alinhadas com a transição energética global e a redução das emissões de gases de efeito estufa.

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