INTERNACIONAL – G20 Planeja Investimentos de US$ 4,5 Trilhões Anuais para Transição Energética Global

Os países que integram o G20 estão se mobilizando para mapear possibilidades de financiamento que visem acelerar a transição energética global. De acordo com estimativas recentes, será necessário um aporte colossal de US$ 4,5 trilhões por ano, aproximadamente R$ 24,5 trilhões, para reduzir significativamente o uso de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão, e promover a produção de energia a partir de fontes renováveis, como a solar e eólica.

Esse tema foi amplamente discutido no primeiro Diálogo G20 – Transições Energéticas, realizado no Rio de Janeiro. Mariana Espécie, coordenadora do Grupo de Trabalho de Transições Energéticas do G20 e assessora especial do Ministério de Minas e Energia, afirmou que o mundo ainda está longe de atingir o montante necessário. Em 2022, o investimento global chegou a US$ 1,8 trilhão, equivalente a R$ 9,8 trilhões.

Para superar esse desafio, o G20 busca mapear trajetórias, identificar oportunidades e delinear opções que viabilizem os necessários investimentos. Conforme citado por Mariana, combinações de financiamentos, como empréstimos concessionais e doações, serão fundamentais. Além disso, o papel do setor privado será crucial nesse processo. “Estamos considerando uma mistura de oportunidades de investimento neste documento”, disse Mariana Espécie.

Esse esforço global é um dos primeiros de sua magnitude e visa minimizar desigualdades na distribuição de recursos. Os resultados deste estudo serão apresentados na Reunião Ministerial de Transições Energéticas do G20, marcada para ocorrer em Foz do Iguaçu entre os dias 1º e 3 de outubro.

Mariana também destacou a diversidade nas condições e ritmos de transição energética entre os países. “O ritmo de investimentos varia muito conforme as condições locais e as percepções de risco dos investidores. Não existe uma única solução, mas sim uma diversidade grande de perspectivas”, explicou.

O Brasil surge como um destaque positivo, segundo a coordenadora. O país é apontado como o mais bem posicionado do grupo para a transição energética, graças à sua matriz energética já majoritariamente composta por fontes renováveis. Mesmo com esse cenário favorável, o país continua buscando melhores condições.

Dada às diversidades e assimetrias, uma das mensagens principais que o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, pretende levar à reunião em Foz do Iguaçu é a importância de diversificar as opções de transição energética. “Não existe uma bala de prata que resolverá todos os problemas. Todas as soluções de baixo carbono serão importantes”, afirmou Espécie.

Em um contexto mais amplo, a Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP 28) estabeleceu a meta de zerar as emissões de carbono até 2050, promovendo uma transição justa, ordenada e equitativa dos combustíveis fósseis. A identificação da responsabilidade dos gases de efeito estufa pelo aquecimento global torna esse objetivo ainda mais urgente.

O Diálogo G20 – Transições Energéticas é parte de um conjunto de seminários regionais destinados a engajar a sociedade nas discussões políticas e sociais em curso dentro do G20 sobre o tema. O evento prepara o terreno para a Reunião Ministerial de Transições Energéticas do grupo.

Composto por 19 países e a União Europeia, o G20 representa cerca de 85% do Produto Interno Bruto global, mais de 75% do comércio mundial e dois terços da população total. A união também é responsável por cerca de 80% das emissões globais de gases de efeito estufa no setor energético. Desde 2008, a presidência do G20 é rotativa entre os países membros, e esta é a primeira vez que o Brasil assume essa posição no formato atual.

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