Em sua declaração, o chefe militar venezuelano caracterizou os protestos que ocorreram nos últimos dias no país como atos de terrorismo e sabotagem, orquestrados por estruturas internacionais com o objetivo de desacreditar o processo eleitoral. “São expressões de ódio e irracionalidade, parte de um plano preconcebido por grupos políticos que já sabiam que seriam derrotados. Além disso, trata-se de uma tentativa de golpe de Estado midiático, fomentada pelas redes sociais e apoiada pelo imperialismo norte-americano e seus aliados, tanto externos quanto internos”, afirmou Padrino López.
A vitória de Nicolás Maduro nas eleições do último domingo (28) desencadeou uma série de manifestações em várias regiões da Venezuela. Conforme dados fornecidos pelo Ministério Público venezuelano, 759 pessoas foram detidas, 48 policiais ficaram feridos e um membro da Guarda Bolivariana foi morto a tiros. Paralelamente, a organização não governamental Foro Penal reportou que seis manifestantes foram mortos desde a segunda-feira (29). Padrino López detalhou que centros eleitorais, edifícios públicos e privados, comandos militares e policiais foram destruídos, além de “símbolos da identidade nacional, como o índio Coromoto em Guanare e esculturas do comandante Chávez, entre outros”.
O chefe militar também acusou “pseudolíderes e organizações criminosas” que, segundo ele, instigam essas ações violentas enquanto permanecem escondidos no exterior. As autoridades afirmam que muitos desses indivíduos já foram identificados, capturados e processados judicialmente. Padrino López apelou para que a população “não caia em provocações ou manipulações que fomentem violência e intolerância”.
O governo de Nicolás Maduro acusa setores da oposição e alguns países de incitarem um golpe de Estado contra o resultado das eleições. Por outro lado, parte da oposição, alguns países e organismos como a Organização dos Estados Americanos (OEA) questionam a transparência do pleito e exigem a publicação das atas que permitem a auditoria dos votos.
Após a divulgação dos resultados eleitorais, a líder da oposição María Corina Machado solicitou uma intervenção das Forças Armadas. “Eles sabem. E o dever da Força Armada Nacional é fazer respeitar a soberania popular expressada no voto. É isso que esperam os venezuelanos de cada um dos nossos militares”, declarou.
Os votos registrados nas urnas eletrônicas da Venezuela são transmitidos por um sistema próprio, sem conexão com a internet, para uma central que faz a totalização. Simultaneamente, uma ata é impressa no local de votação, com cópias distribuídas para todos os fiscais. Uma verificação por amostragem é realizada para garantir que os votos enviados eletronicamente são os mesmos registrados nas atas. Além disso, há a possibilidade de auditar as urnas com os votos impressos, uma vez que, na Venezuela, além do voto eletrônico, também há o voto em papel. Contudo, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ainda não divulgou as atas que comprovam a vitória de Maduro, que obteve 51,21% dos votos, seguido por Edmundo González com 44% e outros oito candidatos com 4,6% dos votos. Ao ser questionado sobre a divulgação desses dados, o CNE informou que “o Poder Eleitoral está atuando”.