O embaixador frisou que as ações dos Estados Unidos, especialmente a imposição de tarifas sobre produtos de diversos países, podem comprometer a integridade do sistema multilateral de comércio, elaborado após o fim da Segunda Guerra Mundial. O modelo atual é sustentado por acordos multilaterais que estabelecem normas globais para o comércio e, ao agir de maneira unilateral, o governo americano não apenas prejudica relações bilaterais, mas também desnorteia todo o mercado global.
Amorim apontou que a disputa comercial com os Estados Unidos é particularmente complexa e apresenta características únicas para o Brasil. As taxas impostas, segundo ele, não se limitam a questões econômicas, mas são influenciadas por fatores políticos e ideológicos. O embaixador lamentou que o Brasil é um dos poucos países cujos conflitos comerciais se entrelaçam com a política interna americana, citando a Ordem Executiva de 30 de julho, onde o governo Trump explicitamente menciona razões políticas para aumentar as tarifas sobre produtos brasileiros.
Ademais, Amorim trouxe à tona a falta de protocolos diplomáticos que marcaram a interação recente entre os dois governos. Ele mencionou a crítica pública feita por Trump ao presidente Lula antes mesmo do recebimento oficial de uma correspondência, observando que tal ato infringe normas tradicionais de diplomacia e respeito mútuo entre países.
O embaixador reafirmou a posição do Brasil em manter um canal aberto para negociação, destacando que o país não almeja um rompimento com os Estados Unidos e tem tentado resolver as questões de forma pacífica. Ele mencionou tentativas de contato, que, no entanto, foram frustradas por interferências externas, o que evidencia a complexidade e a sensibilidade das relações entre os dois países.
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