INTERNACIONAL – “EUA Buscam Desestabilizar Brasil em Nova Estrategia de Influência na América Latina, Afirma Embaixador Celso Amorim em Entrevista”

O embaixador Celso Amorim, assessor especial para Assuntos Internacionais no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, expressou preocupações a respeito das estratégias da Casa Branca para desestabilizar o Brasil e outras nações progressistas na América Latina. Segundo Amorim, tais movimentos visam estabelecer a região sob a influência dos Estados Unidos, remetendo a uma nova versão da Doutrina Monroe, que, desde o século 19, buscava consolidar a hegemonia norte-americana nas Américas.

Em suas declarações, Amorim destacou a complexidade das negociações contemporâneas, enfatizando que, para que haja diálogo produtivo, é preciso que ambas as partes estejam dispostas. Ele abordou a atual administração americana, caracterizando-a como promotora de uma quase guerra econômica contra o Brasil, exemplificada por exigências que favorecem a competitividade com a China em detrimento das exportações brasileiras.

A visão de Amorim é que o governo Trump tem abandonado práticas diplomáticas antigas em favor de uma retórica que apoia a extrema-direita global, enquanto desconstroi laços com governos progressistas. Essa abordagem cresceu na era Trump, levando o embaixador a reforçar a importância da diversificação econômica. Amorim mencionou as relações do Brasil não apenas com o BRICS, mas também com a União Europeia, países africanos e nações asiáticas, como os membros da ASEAN.

Ele alertou para a necessidade de um novo posicionamento latino-americano frente à pressão externa, afirmando que a integração na região enfrentou retrocessos devido ao aumento da extrema-direita em diversos países. Para Amorim, é vital reativar mecanismos de integração regional, como o Conselho Sul-Americano de Saúde e Defesa.

Sobre a desdolarização, proposta que tem gerado resistência em Washington, Amorim argumentou que a aceitação de moedas locais em transações internacionais é uma tendência inevitável, surgida das transformações no cenário geopolítico. Ele ressaltou que essa mudança não é meramente voluntária, mas sim uma resposta às novas realidades do comércio global.

Por fim, o embaixador rejeitou a narrativa que associa o governo brasileiro a um viés antiamericano, lembrando que governos anteriores mantiveram boas relações com os Estados Unidos. Para Amorim, é fundamental romper com uma mentalidade de dependência, defendendo não apenas a integridade territorial, mas também a dignidade nacional do Brasil em um mundo cada vez mais multipolar.

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