Em suas declarações, Amorim destacou a complexidade das negociações contemporâneas, enfatizando que, para que haja diálogo produtivo, é preciso que ambas as partes estejam dispostas. Ele abordou a atual administração americana, caracterizando-a como promotora de uma quase guerra econômica contra o Brasil, exemplificada por exigências que favorecem a competitividade com a China em detrimento das exportações brasileiras.
A visão de Amorim é que o governo Trump tem abandonado práticas diplomáticas antigas em favor de uma retórica que apoia a extrema-direita global, enquanto desconstroi laços com governos progressistas. Essa abordagem cresceu na era Trump, levando o embaixador a reforçar a importância da diversificação econômica. Amorim mencionou as relações do Brasil não apenas com o BRICS, mas também com a União Europeia, países africanos e nações asiáticas, como os membros da ASEAN.
Ele alertou para a necessidade de um novo posicionamento latino-americano frente à pressão externa, afirmando que a integração na região enfrentou retrocessos devido ao aumento da extrema-direita em diversos países. Para Amorim, é vital reativar mecanismos de integração regional, como o Conselho Sul-Americano de Saúde e Defesa.
Sobre a desdolarização, proposta que tem gerado resistência em Washington, Amorim argumentou que a aceitação de moedas locais em transações internacionais é uma tendência inevitável, surgida das transformações no cenário geopolítico. Ele ressaltou que essa mudança não é meramente voluntária, mas sim uma resposta às novas realidades do comércio global.
Por fim, o embaixador rejeitou a narrativa que associa o governo brasileiro a um viés antiamericano, lembrando que governos anteriores mantiveram boas relações com os Estados Unidos. Para Amorim, é fundamental romper com uma mentalidade de dependência, defendendo não apenas a integridade territorial, mas também a dignidade nacional do Brasil em um mundo cada vez mais multipolar.