INTERNACIONAL – Eleições na Bolívia: Esquerda Dividida e Direita em Alta Antecipam Mudanças Políticas e Sociais no País Andino

A Bolívia se prepara para suas eleições gerais no próximo dia 17 de agosto em um cenário marcado pela fragmentação da esquerda e a ascensão de candidatos da direita. Com o ex-presidente Evo Morales convocando o eleitorado a optar pelo voto nulo, a situação política do país se mostra cada vez mais complexa. As pesquisas de intenção de voto apontam o mega empresário Samuel Medina como o candidato mais popular, enquanto Andrónico Rodríguez, ex-líder cocaleiro e atual presidente do Senado, enfrenta dificuldades e não consegue alcançar a marca de dois dígitos nas intenções de voto.

Nesta eleição, além do presidente e vice-presidente, a Bolívia escolherá 130 deputados e 36 senadores. A nação andina, que conta com aproximadamente 12 milhões de habitantes e faz fronteira com estados brasileiros, pode estar às portas de uma mudança significativa em seu cenário político, especialmente considerando o racha dentro do Movimento ao Socialismo (MAS), partido que domina a política boliviana desde 2006. A divisão interna no MAS, exacerbada pela volta de Morales do exílio, sugere que o ciclo da esquerda no país, que perdura por quase duas décadas, esteja chegando ao fim.

A crise de popularidade do atual presidente Luiz Arce levou à sua decisão de não buscar a reeleição, indicando seu ex-ministro Eduardo De Castillo como o novo candidato do MAS, que, até o momento, não apresenta boa performance nas pesquisas. Enquanto isso, Andrónico Rodríguez, inicialmente visto como uma alternativa viável à esquerda, tem perdido apoio rapidamente, caindo de 14% para cerca de 6% nas intenções de voto.

Evo Morales, impedido de se candidatar novamente, tem usado sua influência para criticar antigos aliados, além de afirmar que é alvo de perseguições políticas. O cenário se complicou ainda mais após manifestações que resultaram em bloqueios de rodovias e a perda de vidas, refletindo as tensões dentro do partido.

Do outro lado do espectro político, candidatos da direita, como Samuel Medina e Jorge “Tuto” Quiroga, vêm se destacando nas pesquisas, somando juntos cerca de 47% das intenções de voto. A possibilidade de um segundo turno, caso as tendências das pesquisas se confirmem, levaria o país a uma nova configuração política, com Medina sendo uma figura conhecida por sua trajetória empresarial e política.

Notavelmente, o atual movimento político na Bolívia se insere em um contexto mais amplo de governos progressistas que emergiram na América Latina nas últimas duas décadas. A Constituição de 2009, que introduziu um modelo baseado na plurinacionalidade, está sob o risco de sofrer mudanças, embora especialistas acreditem que um novo governo, sem a participação dos autores dessa institucionalidade, possa ter dificuldades em alterar significativamente o sistema.

Os próximos dias serão cruciais para o futuro político da Bolívia, que aguarda ansiosamente o desenrolar das eleições e suas consequências para a estabilidade do país.

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