Nesta eleição, além do presidente e vice-presidente, a Bolívia escolherá 130 deputados e 36 senadores. A nação andina, que conta com aproximadamente 12 milhões de habitantes e faz fronteira com estados brasileiros, pode estar às portas de uma mudança significativa em seu cenário político, especialmente considerando o racha dentro do Movimento ao Socialismo (MAS), partido que domina a política boliviana desde 2006. A divisão interna no MAS, exacerbada pela volta de Morales do exílio, sugere que o ciclo da esquerda no país, que perdura por quase duas décadas, esteja chegando ao fim.
A crise de popularidade do atual presidente Luiz Arce levou à sua decisão de não buscar a reeleição, indicando seu ex-ministro Eduardo De Castillo como o novo candidato do MAS, que, até o momento, não apresenta boa performance nas pesquisas. Enquanto isso, Andrónico Rodríguez, inicialmente visto como uma alternativa viável à esquerda, tem perdido apoio rapidamente, caindo de 14% para cerca de 6% nas intenções de voto.
Evo Morales, impedido de se candidatar novamente, tem usado sua influência para criticar antigos aliados, além de afirmar que é alvo de perseguições políticas. O cenário se complicou ainda mais após manifestações que resultaram em bloqueios de rodovias e a perda de vidas, refletindo as tensões dentro do partido.
Do outro lado do espectro político, candidatos da direita, como Samuel Medina e Jorge “Tuto” Quiroga, vêm se destacando nas pesquisas, somando juntos cerca de 47% das intenções de voto. A possibilidade de um segundo turno, caso as tendências das pesquisas se confirmem, levaria o país a uma nova configuração política, com Medina sendo uma figura conhecida por sua trajetória empresarial e política.
Notavelmente, o atual movimento político na Bolívia se insere em um contexto mais amplo de governos progressistas que emergiram na América Latina nas últimas duas décadas. A Constituição de 2009, que introduziu um modelo baseado na plurinacionalidade, está sob o risco de sofrer mudanças, embora especialistas acreditem que um novo governo, sem a participação dos autores dessa institucionalidade, possa ter dificuldades em alterar significativamente o sistema.
Os próximos dias serão cruciais para o futuro político da Bolívia, que aguarda ansiosamente o desenrolar das eleições e suas consequências para a estabilidade do país.