O renomado jornalista espanhol Ignacio Ramonet descreveu essa escolha como uma distorção do significado do prêmio, afirmando que “conceder o Nobel da Paz a alguém que constantemente defende a guerra” exemplifica uma “aberração” e ressalta a crise de legitimidade enfrentada pelas instituições globais. Em suas palavras, essa seleção é um reflexo de um mundo em desequilíbrio, no qual a paz é confundida com o militarismo.
Outros líderes da região também se pronunciaram. O presidente cubano Miguel Díaz-Canel considerou a decisão “vergonhosa”, argumentando que reflete a politização e a perda de credibilidade do Comitê Norueguês do Nobel. Para ele, a premiação a uma figura que promove intervenções militares é uma estratégia destinada a desestabilizar a liderança bolivariana na Venezuela.
O ex-presidente hondurenho Manuel Zelaya também criticou a escolha, considerando-a uma ofensa à história e às lutas dos povos por dignidade e autonomia. Ele enfatizou que a entrega do prêmio a uma “golpista” aliada a interesses financeiros externos representa uma transformação do que deveria ser um símbolo de paz em um instrumento de colonialismo moderno. Sua declaração ressoou com a ideia de que as políticas de Machado, que incluem sanções e bloqueios, têm causado sofrimento em sua nação.
Além de vozes latino-americanas, a coordenadora da plataforma Codepink, Michelle Ellner, expressou seu desdém pela premiação, ressaltando que as políticas de Machado não refletem a paz ou o progresso. Segundo ela, essa escolha ignora o histórico de sofrimento imposto pela ideologia que Machado defende, comparando sua atuação à situação de genocídio em Gaza.
Por sua vez, o Comitê Norueguês justificou sua decisão ao afirmar que Maria Corina Machado foi premiada por sua luta em prol dos direitos democráticos e por sua tentativa de promover a transição da Venezuela para um regime democrático. O presidente do Comitê, Jørgen Watne Frydnes, elogiou a coragem civil da opositora, embora muitos questionem se essas características realmente se alinham com os ideais do prêmio.
Em um mundo onde a paz deve ser uma busca incessante, a escolha de María Corina Machado para o Nobel da Paz levanta questões sobre a integridade e os valores que guiam essa honraria tão prestigiosa.