O próximo primeiro-ministro terá a árdua tarefa de unificar um Parlamento fragmentado enquanto se enfrenta à necessidade urgente de aprovar o orçamento para o ano seguinte. O cenário econômico é delicado: a França, que possui um déficit de quase o dobro do limite de 3% estabelecido pela União Europeia e uma dívida equivalente a 114% do PIB, está sob forte pressão para implementar medidas de austeridade.
Os rumores sobre o sucessor de Bayrou incluem nomes como o ministro da Defesa, Sébastien Lecornu, mas Macron também pode considerar uma figura de centro-esquerda ou um tecnocrata para tentar construir essa ponte entre as várias facções políticas. Embora não haja regras claras definindo os critérios de escolha do novo primeiro-ministro, espera-se um anúncio nos próximos dias.
A oposição, especialmente os socialistas, já clamam por um retorno ao poder, com o líder do Partido Socialista, Olivier Faure, expressando a necessidade de que a esquerda volte a governar. Por outro lado, o partido de extrema-direita Reunião Nacional, liderado por Marine Le Pen, defende a dissolução do Parlamento e a convocação de novas eleições, uma proposta que Macron tem rejeitado até o momento.
O impacto dessa crise política não passou despercebido pelos mercados; embora a reação inicial tenha sido bastante contida, a expectativa gira em torno da decisão da Fitch sobre a classificação soberana da França, que será anunciada na próxima sexta-feira. Muitos empresários expressam preocupações sobre as consequências de tanta instabilidade. Maya Noël, do lobby tecnológico France Digitale, comentou que a queda do governo agrava um clima de incertezas que já havia diminuído a confiança econômica e desacelerado investimentos e contratações no setor.
Em um clima de incerteza, a França também se prepara para protestos antipolíticos, intitulado “Vamos bloquear tudo”, programados para esta quarta-feira. Esse movimento lembra episódios de manifestações generalizadas que varreram o país entre 2018 e 2019, refletindo o descontentamento crescente da população em relação ao governo de Macron e suas políticas.