Paralelamente, Saab acusou María Corina Machado, uma das principais opositoras ao governo de Nicolás Maduro, de envolvimento em um suposto ataque hacker ao sistema do CNE, ocorrido durante o processo eleitoral. O ataque teria retardado a totalização dos votos e a proclamação dos resultados, feitos por volta da 1h da manhã no horário de Caracas (2h de Brasília). Essa ação atribuída a hackers originários da Macedônia do Norte visava, segundo Saab, manipular os dados do CNE. A defesa cibernética, embora tenha impedido a alteração dos dados, não conseguiu evitar atrasos na leitura do boletim final.
Para além de María Corina Machado, Saab mencionou o nome de Leopoldo López como possível cúmplice no ataque. López, atualmente foragido na Espanha, tem sido uma figura central na oposição ao governo. Saab declarou que o Ministério Público está reunindo todas as provas necessárias para avançar com a investigação.
María Corina Machado ainda não se posicionou publicamente sobre as acusações. Sua candidatura à presidência da Venezuela foi recusada pelo CNE devido a uma condenação judicial, levando a oposição a nomear Edmundo González, que recebeu 44% dos votos contra 51,21% de Maduro, após a apuração de 80% das urnas.
Saab também realizou um balanço dos incidentes ocorridos durante a votação. Foram registrados 60 incidentes, dos quais 32 envolveram a destruição de material eleitoral, resultando na prisão de 17 pessoas. Ele enfatizou que, considerando os 15,7 mil centros eleitorais e as 30,2 mil máquinas de votação, o número de ocorrências foi relativamente baixo.
O Ministério Público da Venezuela reafirmou sua intolerância quanto a manifestações violentas que visem subverter os resultados das urnas. Saab destacou que sua instituição está vigilante contra qualquer tentativa de escalada de violência que possa manchar o processo democrático.
Há grande expectativa pela publicação das atas eleitorais pelo CNE. Estas permitirão verificar se as atas originais distribuídas aos fiscais e observadores nacionais e internacionais coincidem com as do Conselho. A resposta internacional à eleição está dividida. Países como Equador e Argentina não reconhecem o resultado, enquanto outros, como Colômbia, Estados Unidos e União Europeia, requerem a publicação das atas para legitimar o pleito.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil comunicou que aguarda a publicação dos dados desagregados, considerando esse passo essencial para a transparência e legitimidade do resultado eleitoral. A comunidade internacional mantém uma postura reservada, com parte dela tradicionalmente desconfiada dos resultados eleitorais venezuelanos, embora não haja provas formais de fraude nos pleitos anteriores.