Milhares de Palestinos Retornam a Casas Devastadas após Cessar-fogo em Gaza
Nesta sexta-feira, 10 de outubro, uma onda de esperança e alívio acometeu milhares de palestinos que começaram a retornar às suas casas em Gaza, após a implementação de um cessar-fogo entre Israel e Hamas. A trégua, que teve início ao meio-dia (horário de Brasília), permitiu que muitos desalojados, que haviam fugido devido a um dos maiores ataques de Israel na região, voltassem ao que restou de suas moradias.
A Cidade de Gaza, a mais populosa do enclave, começou a receber moradores que, em meio à poeira e escombros, seguiam na direção do norte. Ismail Zayda, residente de Sheikh Radwan, expressou sua gratidão ao perceber que sua casa ainda estava de pé, mas lamentou o estado do entorno. “As casas dos meus vizinhos estão destruídas. Bairros inteiros se foram”, afirmou.
O governo israelense confirmou a trégua com Hamas nas primeiras horas da manhã de sexta-feira, abrindo espaço para a retirada parcial de tropas israelenses e o fim das hostilidades dentro de 24 horas. Uma expectativa e um acordo promovido pelos Estados Unidos preveem que o Hamas libere 20 reféns israelenses vivos em 72 horas, após os quais Israel assumiria a responsabilidade de libertar 250 palestinos que estão em suas prisões, além de 1.700 outros detidos durante o conflito.
A partir da implementação do cessar-fogo, convênios foram estabelecidos para permitir a entrada de caminhões com alimentos e auxílio médico em Gaza. Milhares de civis que, nos últimos meses, viveram em condições precárias em abrigos, após a destruição de suas casas, aguardam com ansiedade a chegada dessa ajuda humanitária.
Enquanto isso, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em um discurso televisionado, reafirmou que as forças israelenses permanecerão em Gaza. Entretanto, seu objetivo principal é desmilitarizar o Hamas, enfatizando que a operação poderia ser facilitada ou, se necessário, tornada mais difícil.
Na cidade de Khan Younis, alguns soldados israelenses recuaram de posições ao longo da fronteira, mas relatos de bombardeios indicam um clima de incerteza. Em outras áreas, a tensão permanece, com tropas israelenses consolidando suas posições.
A guerra em Gaza não apenas intensificou o isolamento de Israel no cenário internacional, mas também gerou um impacto profundo na dinâmica regional, envolvendo nações como Irã, Iémen e Líbano. O conflito, que já causou a morte de mais de 67 mil palestinos, testou as relações entre Israel e os Estados Unidos, levando a uma reação de desapontamento por parte de Washington em relação à postura do governo israelense.
No centro desse conflito, o líder do Hamas, Khalil Al-Hayya, garantiu que recebeu confirmações de mediadores, incluindo os Estados Unidos, de que a guerra aparenta ter chegado ao fim. Enquanto isso, a comunidade internacional aguarda ansiosamente a recuperação dos reféns, com estimativas de que 20 ainda estejam vivos, enquanto o paradeiro de outros permanece incerto.
Após meses de sofrimento e deslocamento, o cenário em Gaza continua a evoluir, e a população, tragicamente, celebra a volta para casas agora em ruínas, buscando reconstruir suas vidas em meio à devastação.