INTERNACIONAL – Brics Reforça Comércio entre Países Emergentes e Enfrenta Desafios do Protecionismo Global em Cúpula Virtual Liderada por Lula.

Na última segunda-feira, 8 de outubro, os líderes dos países que compõem o Brics se reuniram em uma cúpula virtual com o intuito de fortalecer o comércio entre as nações emergentes do bloco. Presidida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a reunião buscou estratégias para implementar um multilateralismo mais efetivo, especialmente em um momento em que os Estados Unidos têm adotado uma política tarifária mais rigorosa com seus parceiros comerciais.

Lula enfatizou em seu discurso a importância da colaboração entre os países do Brics, afirmando que a união das nações emergentes oferece uma alternativa robusta para contrabalançar as consequências do protecionismo. “O comércio e a integração financeira entre nossos países proporcionam uma opção segura para mitigar essas dificuldades”, declarou. Ele ressaltou que o Brics possui a legitimidade necessária para liderar uma renovação do sistema mundial de comércio, adaptando-o às reais necessidades de desenvolvimento dos membros do bloco.

O presidente brasileiro destacou ainda o papel do Novo Banco de Desenvolvimento, um instrumento que visa diversificar as economias e promover sinergias entre os países do Brics. Ao mencionar os números impressionantes que o grupo representa — 40% do PIB global, 26% do comércio internacional e quase 50% da população mundial — ele indicou o potencial da cooperação para estimular uma industrialização verde, criando empregos e promovendo inovação.

Por outro lado, Lula não hesitou em criticar a paralisia da Organização Mundial do Comércio (OMC), que enfrenta um impasse há anos. Ele apontou que práticas unilaterais e tarifas elevadas têm distorcido as regras do comércio internacional, subvertendo princípios fundamentais como a Nação Mais Favorecida. “A chantagem tarifária está se tornando uma prática comum, utilizada para conquistar mercados e interferir em assuntos internos”, alertou.

No contexto da atual governança global, Lula defendeu reformas nas instituições multilaterais, como o Conselho de Segurança da ONU e a OMC, afirmando a urgência de se apresentar uma frente unida na 14ª Conferência Ministerial da OMC, programada para o próximo ano em Camarões.

A reunião acontece em um cenário complexo, onde os Estados Unidos, através de tarifações e ações voltadas para o comércio, buscam restaurar sua competitividade, especialmente em relação à China. A abordagem adotada pelo governo dos EUA foi considerada por especialistas como uma tentativa de minar a influência do Brics nas relações comerciais globais.

Além desses pontos, Lula também abordou questões geopolíticas, citando o fracasso em resolver conflitos internacionais, como a guerra na Ucrânia e a situação na Faixa de Gaza. Ele enfatizou que a intervenção em assuntos internos não pode ser uma prática aceita e reafirmou a vocação pacífica da América Latina, relembrando o compromisso da região em se manter livre de armas nucleares.

Por fim, a cúpula teve como objetivo preparar os líderes para a 80ª Assembleia Geral da ONU, que ocorrerá em Nova York. Para Lula, essa é uma oportunidade de defender um multilateralismo renovado que enfrente os desafios contemporâneos, incluindo a governança digital e os impactos das mudanças climáticas, que devem ser abordados na COP30 em Belém, no próximo ano.

Participaram da cúpula líderes de nações como China, Egito, Indonésia, Irã, Rússia e África do Sul, além de representantes de outras potências emergentes. O diálogo reflete não apenas a busca por uma maior cooperação econômica, mas também a necessidade de enfrentamento conjunto aos desafios globais e à defesa de um mundo mais justo e equilibrado.

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