INTERNACIONAL – Brasil defende soberania sobre minerais críticos em discurso na Cúpula do G20 e alerta para desafios da transição energética e governança da inteligência artificial.

Em um discurso impactante durante a Cúpula de Líderes do G20 em Joanesburgo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou a urgência da discussão sobre a soberania nacional em relação ao conhecimento e à valorização dos minerais críticos. A sessão, realizada no domingo (23), abordou temas cruciais como a inteligência artificial, os minerais estratégicos e o conceito de trabalho decente, todos interligados à pauta das políticas sustentáveis e inclusão social.

Lula destacou que a integração eficaz desses elementos não só moldará o presente, mas também definirá o futuro das novas gerações. Ele apontou que os minerais críticos, componentes essenciais em setores como tecnologia e transição energética, enfrentam riscos de escassez e dependência de fornecedores limitados. Esses recursos, incluindo lítio, cobalto e terras raras, são fundamentais para a fabricação de dispositivos como veículos elétricos e painéis solares.

Em sua fala, o presidente brasileiro ressaltou que as nações com grandes reservas naturais não devem ser apenas fontes de matérias-primas, mas sim protagonistas em processos inovadores que assegurem o controle sobre seus próprios recursos e as tecnologias associadas a eles. Segundo ele, a verdadeira soberania não reside apenas na posse de depósitos minerais, mas na capacidade de transformar esses recursos em benefícios concretos para a população, através de políticas que promovam o investimento sustentável e responsável.

Adicionalmente, Lula enfatizou a importância de um governo eficaz sobre a inteligência artificial, reconhecendo nela uma oportunidade ímpar de avanço equitativo para as nações. Ele defendeu a criação de um sistema de governança global que garanta que os frutos da AI sejam acessíveis a todos, evitando a exclusão que pode surgir quando poucos controlam as tecnologias.

O presidente também abordou a questão do acesso desigual à internet, alertando que 2,6 bilhões de pessoas no mundo ainda estão desconectadas. Esse déficit é mais acentuado em países de baixa renda, onde apenas 27% da população tem acesso à rede, em comparação aos 93% nas nações mais desenvolvidas.

Ao final do evento, Lula convocou os líderes a trabalharem em conjunto para que a evolução tecnológica caminhe alinhada a oportunidades de emprego e à proteção dos direitos trabalhistas, especialmente considerando que uma parcela significativa da força de trabalho global está em setores vulneráveis à automação. Ele finalizou ressaltando que cada inovação tecnológica deve também refletir um compromisso com a inclusão social e o fortalecimento dos direitos humanos.

A Cúpula do G20, sob o lema da África do Sul, “Solidariedade, Igualdade e Sustentabilidade”, abordou temas fundamentais para o futuro econômico global e encerrou um ciclo de liderança que deixou sua marca nas próximas diretrizes de cooperação internacional. Lula também aproveitou a ocasião para reuniões bilaterais, fortalecendo alianças no cenário global antes de seguir para uma visita oficial a Moçambique, que celebra cinco décadas de relações diplomáticas com o Brasil.

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