Instalação da CPI da Braskem no Senado vai contra desejo do governo e do presidente da Câmara; foco nas minas de sal-gema ameaçadas em Maceió

CPI da Braskem será instalada no Senado para investigar minas de sal-gema em Maceió

Na manhã desta quarta-feira, está marcada a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Braskem no Senado. O anúncio foi feito pelo líder do PSD no Senado, Otto Alencar, que presidirá a primeira reunião do colegiado por ser o mais velho entre os participantes. O senador Omar Aziz, do PSD do Amazonas, é o nome de consenso para assumir a presidência, mas ainda não há definição sobre o relator.

A criação da CPI vai de encontro aos desejos do governo federal e do presidente da Câmara, Arthur Lira. O líder do governo no Senado, Jaques Wagner, do PT da Bahia, mantém uma posição contrária à instalação do colegiado, sugerindo que a investigação deveria ocorrer na Assembleia de Alagoas e não no Congresso.

A CPI pretende investigar as atividades da empresa petroquímica Braskem, responsável por minas de extração de sal-gema que ameaçam desabar em Maceió. Além disso, o contrato de indenização entre a empresa e o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, está no centro das atenções do colegiado.

A CPI é uma iniciativa do senador Renan Calheiros, adversário político de Arthur Lira. Ambos estiveram em uma reunião no Palácio do Planalto juntamente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cujo tema foi a crise envolvendo a empresa.

Após a reunião, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, evitou falar sobre a CPI, mas mencionou a criação de um “pacto para deixar disputas políticas de lado” em prol dos interesses da população. Renan é cotado para ser o relator da CPI, mas Otto Alencar defende que o cargo não fique com nenhum senador de Alagoas ou da Bahia, estados nos quais a empresa petroquímica tem forte presença.

Apesar do foco em Alagoas, é possível que a CPI prejudique a empreiteira Novonor, antiga Odebrecht e dona da maioria das ações da Braskem. Há também temores no governo de possíveis impactos sobre a Petrobras, que detém ações da empresa.

Tanto Jaques Wagner quanto Otto Alencar buscaram evitar que seus partidos dessem apoio à CPI, mas Renan conseguiu o apoio da maioria dos líderes partidários, abrindo caminho para a instalação do colegiado. A expectativa é que a CPI da Braskem traga à tona importantes revelações sobre as atividades da empresa e seus impactos na região de Maceió.

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