Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos, expressou sua preocupação com a evolução da inflação no país, indicando que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve ficar entre 5,5% e 5,6% em 2023. Embora ele projete uma desaceleração para 4,7% no ano seguinte, atribuiu parte dessa diminuição à dissipação de choques de preços, como os relacionados às carnes. Megale se mostrou reticente quanto à discussão sobre a redução da taxa Selic, enfatizando que o foco deveria ser se haverá um novo aumento ou não.
Em um tom ligeiramente diferente, Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos, abordou um cenário um pouco mais otimista. Para ela, a inflação doméstica pode ser favorecida por fatores externos, dada a conjuntura internacional, que, segundo ela, tende a ser desinflacionária devido à disputa tarifária entre os Estados Unidos e a China. Tatiana observou que, com a Selic em 14,75%, o juro real também está elevado, o que deve impactar a atividade econômica. Ela previu uma desaceleração do PIB, ligeiramente abaixo de 2%, mas indicou que a inflação deve começar a se acomodar em um horizonte mais longo, ainda que não atinja a meta estabelecida.
Roberto Padovani, economista-chefe do Banco BV, trouxe à discussão a importância do recado do Banco Central referente à manutenção da taxa de juros em níveis elevados. Para Padovani, o que realmente importa é a persistência dessa taxa, e não um possível aumento pontual. Ele sublinhou que, com a Selic nesse patamar, é inviável que o PIB alcance os 3,4% de crescimento projetados para 2024. Ao olhar para o futuro, ele expressou ceticismo quanto a um reaquecimento da economia após 2026, prevendo medidas governamentais motivadas pelas eleições presidenciais que poderiam, paradoxalmente, pressionar a inflação.
Os debates ocorreram no contexto do 3º Seminário MacroLab de Conjuntura, que contou com a participação de importantes personalidades do cenário econômico.