O diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Celírio Inácio da Silva, em entrevista à Reuters, destacou que essa prática é uma tentativa clara de burlar e enganar o consumidor. Recentemente, a Abic identificou a venda do pó de sabor café, que pode ser produzido a partir de cascas, palha, folhas, paus ou outras partes da planta, exceto a semente do café, em Bauru, interior de São Paulo.
Esses produtos “fakes” apresentam embalagens semelhantes ao café convencional, mas com custos menores, o que representa um risco de engano para os consumidores. A alta dos preços do café arábica, negociado na bolsa de Nova York, atingiu uma máxima histórica, o que tem levado a indústria a repassar os custos da matéria-prima aos consumidores.
A Abic está preocupada com a possibilidade de outros fabricantes surfarem nessa onda do “fake” e introduzirem produtos falsificados no mercado. A entidade já denunciou o caso ao Ministério da Agricultura e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), devido à preocupação com a saúde dos consumidores e aspectos mercadológicos.
É fundamental que os supermercados também atuem com responsabilidade, já que são corresponsáveis pelos produtos que vendem. A Abic alertou o setor supermercadista sobre a comercialização desses produtos “fakes” e ressaltou a importância de seguir as normas da Anvisa para garantir a segurança alimentar.
Essa prática vai na contramão das iniciativas da Abic, que busca qualidade e pureza no café brasileiro. A entidade lançou, no passado, um selo de pureza para evitar a venda de grãos misturados com outros ingredientes. A preocupação é que o consumo desses produtos falsificados possa prejudicar a imagem e o consumo de café legítimo.