Indústria de Madeira no Brasil Enfrenta Crise com Demissões e Férias Coletivas Devido ao Tarifaço de 50% dos EUA contra Produtos Brasileiros

A indústria brasileira de madeira processada está enfrentando um momento desafiador, em virtude das tarifas elevadas impostas pelo governo dos Estados Unidos, liderado pelo ex-presidente Donald Trump. A partir de 1º de agosto, uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros destinados ao mercado americano deve afetar substancialmente o setor, que já começa a sentir os efeitos dessa nova realidade comercial.

Na última semana, a empresa Sudati, com fábricas localizadas em Ventania e Telêmaco Borba, no Paraná, anunciou a dispensa de 100 funcionários como uma resposta direta às novas taxas. As duas unidades da companhia atuam na produção de compensados de madeira, uma categoria de produto que possui os Estados Unidos como um de seus principais destinos. A medida de demissão será implementada gradativamente ao longo de dois meses, refletindo a dificuldade de manter atividades diante da alta carga tributária.

A Sudati não opera apenas nas localidades afetadas; possui também fábricas em Palmas e Ibaiti, no Paraná, além de uma unidade de MDF em Santa Catarina. Em nota, a empresa destacou a necessidade de ajustes para preservar a sustentabilidade financeira e cumprir compromissos com clientes e fornecedores, em meio a um cenário econômico que demanda maior eficiência.

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), a situação é alarmante. A entidade ressaltou que 90% da produção do setor está concentrada nos três estados do Sul do Brasil: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Com cerca de 50% de suas exportações destinadas aos Estados Unidos, as empresas podem enfrentar um colapso, já que muitos contratos estão sendo cancelados e embarques suspensos, resultando em uma queda significativa na produção.

O cenário é ainda mais crítico com a acumulação de aproximadamente 1.400 contêineres de produtos já embarcados e em trânsito, e mais 1.100 aguardando para serem enviados, criando um estrangulamento logístico. A Abimci alertou que a produção está sendo reduzida, com muitos setores enfrentando paralisações totais, o que levanta preocupações sobre a manutenção de empregos.

Empresas como a BrasPine e a Millpar também estão se adaptando à nova realidade, implementando férias coletivas como forma de lidar com a perda de competitividade. A BrasPine, que emprega 2.500 pessoas, decidiu paralisar 1.500 funcionários, enquanto a Millpar optou por férias para 720 de seus 1.100 colaboradores.

As tarifas de Donald Trump ampliaram os desafios já enfrentados pela indústria brasileira de madeira, levando a um endurecimento das relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos. A falta de progresso nas negociações apenas intensifica as incertezas, não só para os empresários, mas também para os trabalhadores que dependem desta indústria, responsável por cerca de 180 mil empregos diretos no país. A situação exige uma resposta rápida e efetiva dos setores envolvidos, a fim de mitigar os impactos das tarifas e preservar o mercado de trabalho.

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