Com uma economia diversificada, a Indonésia possui vastos recursos naturais, como petróleo, gás e produtos agrícolas. Essa riqueza posiciona o país como um potencial atrator de investimentos, especialmente em um momento em que as economias em desenvolvimento buscam se afirmar no cenário internacional. Valter Peixoto Neto, especialista em relações internacionais, destaca que essa entrada no BRICS não apenas reforça a política externa ativa e independente da Indonésia, mas também a alinha com prioridades globais como segurança alimentar, energética e erradicação da pobreza.
A integração da Indonésia, assim como a de outros países do Sudeste Asiático, que já foram reconhecidos como parceiros do BRICS, demonstra um movimento coerente com as reivindicações de uma nova configuração da ordem internacional, que se sente pouco representada no sistema atual, estabelecido após a Segunda Guerra Mundial. Essa nova coalizão entre BRICS e ASEAN é vista como uma oportunidade de alterar o equilíbrio de poder na economia global, especialmente em um contexto de crescente protecionismo.
Adicionalmente, a Indonésia emerge como uma voz importante no contexto geopolítico devido à sua população significativa e crescente classe média. Até 2050, o país pode se tornar a quinta maior economia global. No entanto, é importante notar que, apesar de sua adesão ao BRICS, a Indonésia não demonstra urgência em desdolarizar sua economia, preferindo manter uma integração cuidadosa com o sistema financeiro global.
A singularidade da Indonésia também se reflete em sua tradiciona lpolitica externa, valorizando sua identidade como a nação muçulmana mais populosa do mundo. Essa posição estratégica permite que a Indonésia utilize soft power, especialmente em questões que afetam a comunidade muçulmana global. Assim, a entrada no BRICS não é apenas uma jogada econômica, mas também uma afirmação de identidade e liderança regional, reforçando a sua relevância no debate sobre a influência do Ocidente e a busca por uma ordem mundial multipolar.