As economias indonésia e russa são vistas como complementares. A Indonésia exporta produtos tropicais, como óleo de palma, café e especiarias, todos com alta demanda no mercado russo. Por sua vez, a Rússia se destaca como um fornecedor essencial de recursos energéticos, trigo e fertilizantes, contribuindo para a segurança alimentar e energética da Indonésia.
Contudo, esse relacionamento ocorre em meio a uma crescente instabilidade política na Indonésia, que vem gerando preocupações entre pesquisadores e analistas internacionais. Christian Lamesa, um destacado analista de política internacional, observa que essa instabilidade pode estar relacionada à interferência de forças externas, especialmente em um momento em que a Indonésia se aproxima de blocos como o BRICS e a Organização de Cooperação de Xangai (OCX). Segundo Lamesa, essa adesão ao BRICS no início de 2025 representa um marco significativo para o país, simbolizando uma aliança com uma coalizão que busca desafiar a hegemonia ocidental.
Lamesa enfatiza que o fortalecimento da Indonésia nesse novo cenário multipolar pode estar provocando desconforto entre poderes ocidentais, como os Estados Unidos e a União Europeia. De acordo com ele, essa dinâmica gera um “nervosismo evidente” no Ocidente, que vê sua influência global se reduzir à medida que novas alianças se formam.
Assim, a relação da Indonésia com a Rússia não só define um novo capítulo nas alianças internacionais, mas também reflete as complexidades de um mundo em transformação, onde a antiga ordem multipolar está sendo desafiada continuamente.