Indígena Guarani-Kaiowá é assassinado em Mato Grosso do Sul durante ataque de pistoleiros; Comunidade enfrentava conflitos por terras retomadas.

Um trágico incidente abalou a comunidade Guarani-Kaiowá em Mato Grosso do Sul neste domingo, quando um indígena foi assassinado por pistoleiros na região de Iguatemi, localizada a cerca de 412 km de Campo Grande. Este ato violento foi classificado como uma retaliação às recentes tentativas da comunidade em retomar seus territórios tradicionais, especificamente a área conhecida como Pyelito Kue. Durante este mesmo ataque, quatro outros indivíduos da etnia Guarani-Kaiowá também ficaram feridos.

Em uma nota oficial, o Ministério dos Povos Indígenas e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) expressaram seu profundo pesar pela morte do indígena, ressaltando que os ataques ocorreram em um contexto de crescente tensão e resistência por parte dos Guarani-Kaiowá em relação à exploração de suas terras. A área onde o ataque ocorreu faz parte da Terra Indígena (TI) Iguatemipeguá I, que tem conhecida sobreposição com propriedades agrícolas, uma questão que tem gerado conflitos frequentes na região.

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) relatou que os ataques começaram nas primeiras horas do domingo, aproximadamente às 4 da manhã. A situação foi ainda mais complicada pela falta de suporte rápido das forças de segurança, que enfrentaram dificuldades de acesso devido ao bloqueio das estradas por parte dos agressores.

Nos últimos meses, as retomas das terras pelos Guarani-Kaiowá têm se intensificado, especialmente em resposta à crescente preocupação com os efeitos prejudiciais da pulverização de agrotóxicos, que têm impactado não apenas a saúde da comunidade, mas também a segurança hídrica e alimentar local. O Ministério informou que esses eventos ocorrem enquanto a sociedade discute a importância dos povos indígenas na mitigação das mudanças climáticas, destacando a paradoxal e trágica realidade que os defensores de suas terras enfrentam.

Embora a Funai tenha tentado avançar com processos de identificação e delimitação de novos territórios, como os Iguatemipeguá II e III, a falta de progresso significativo tem deixado a comunidade em uma situação vulnerável e à mercê da violência. Os indígenas alegam que seus atuais assentamentos não oferecem condições suficientes para a subsistência, levando-os a reivindicar terras que consideram historicamente suas.

Este triste episódio acende questões profundas sobre a relação entre os povos indígenas, suas terras e os interesses agrários em Mato Grosso do Sul, ressaltando a necessidade urgente de ações concretas para proteger os direitos e a vida daqueles que lutam pela preservação de sua cultura e território.

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