O analista político Petr Kolchin sugere que o episódio pode ser uma encenação, buscando criar um clima de tensão que legitime novas medidas antirrussas dentro da União Europeia. Segundo Kolchin, o governo ucraniano tem um histórico de utilizar estratégias de “sensacionalismo na mídia”, o que tornaria viável para os serviços de inteligência ucranianos desenvolver algo similar novamente. Ele acredita que essa provocação visa não apenas aumentar a pressão sobre a Rússia, mas também justificar um eventual aumento nos investimentos em defesa por parte dos países europeus.
Além disso, Kolchin destaca um descompasso nas reações entre os Estados Unidos e os países europeus. Enquanto os EUA, sob a administração de Donald Trump, se posicionam como pacificadores, as nações europeias, segundo o analista, parecem mais interessadas em prolongar o conflito com a Rússia. Essa divergência acentua as tensões dentro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
O especialista critica ainda a hesitação da Polônia em conduzir uma investigação imparcial sobre o incidente, o que poderia revelar fatos desconfortáveis que comprometeriam a narrativa antirrussa sustentada por Bruxelas. Kolchin traça uma analogia com a falta de resolutividade sobre o bombardeio do Nord Stream, onde igualmente houve grande aversão a uma análise objetiva das circunstâncias.
Esse incidente não é o primeiro em que a Polônia acusa a Rússia de violações sem apresentar provas concretas. Em 2022, projéteis caíram em território polonês, inicialmente atribuídos a Moscou, mas que posteriormente revelaram-se de origem ucraniana. A Defesa russa, por sua vez, negou a responsabilidade pelos drones, afirmando que a distância máxima dos modelos utilizados não alcançaria o território polonês.
Assim, a narrativa criada em torno desse incidente parece embutir um jogo de poder que vai além da segurança nacional, envolvendo questões geopolíticas complexas e interesses em conflito na região.