Inadimplência aumenta em outubro, impactando famílias de menor renda; pesquisa da CNC revela dificuldades de manter contas em dia.

O cenário de endividamento e inadimplência das famílias brasileiras em outubro foi marcado por uma queda no porcentual de famílias endividadas, ao mesmo tempo em que o índice de inadimplentes avançou. Os dados foram divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) por meio da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).

Na análise realizada, foi constatado que, especialmente entre as famílias de menor renda, a inadimplência atingiu o patamar de 37,7%. Os responsáveis pela pesquisa destacaram que esse aumento reflete os impactos dos juros elevados e das condições mais restritas de crédito sobre o orçamento dos segmentos mais vulneráveis da população.

O economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, avaliou que o aumento da inadimplência, mesmo com a redução no endividamento, demonstra as dificuldades enfrentadas pelas famílias de menor poder aquisitivo para manter suas contas em dia. Além disso, apontou que a taxa Selic em níveis elevados dificulta o acesso ao crédito e a recuperação financeira dos consumidores mais vulneráveis.

A pesquisa também revelou que, apesar da queda no endividamento geral, a inadimplência chegou a 29,3%, o maior índice desde outubro de 2023. Além disso, a parcela de famílias que declaram não ter condições de quitar suas dívidas em atraso aumentou para 12,6%, o maior índice desde o ano anterior.

O presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, destacou que a dependência de crédito em um contexto de juros altos torna a quitação de dívidas um desafio ainda maior para as famílias de baixa renda. Ele ressaltou a importância de medidas para a redução de gastos públicos, que poderiam possibilitar uma queda nos juros e trazer alívio aos consumidores e à economia em geral.

No que diz respeito ao uso do crédito, as famílias com renda mais elevada conseguiram reduzir o endividamento, enquanto as de menor renda tiveram aumento nesse indicador. O cartão de crédito se manteve como a forma de pagamento mais utilizada, porém, houve um aumento no uso de crédito pessoal, refletindo a busca por taxas mais competitivas em um cenário de juros altos.

A pesquisa também apontou um aumento no tempo médio de pagamento em atraso e na parcela da renda comprometida com dívidas, indicando a pressão das dívidas sobre o orçamento familiar. Além disso, a queda na busca por crédito em setembro, conforme apontado pela CNDL, evidencia uma postura mais cautelosa dos consumidores diante do endividamento e dos juros elevados.

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