Importações de calçados da Ásia causam preocupação e representam concorrência desleal, alerta associação brasileira

As importações de calçados no Brasil apresentaram um crescimento significativo nos primeiros oito meses do ano. De acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), somente no mês de agosto, o país recebeu 2,26 milhões de pares de calçados, resultando em uma receita de US$ 42,75 milhões. Esses números representaram um aumento de 62% em volume e 42% em receita em comparação com o mesmo período do ano anterior.

No acumulado dos oito meses, as importações somaram 21,18 milhões de pares, totalizando US$ 316,53 milhões em receita. Esses valores representaram um crescimento de 15% em volume e 35% em receita em relação ao mesmo período de 2022.

Um dado que chama atenção é o aumento nas importações de calçados da Ásia. Segundo a Abicalçados, 8 em cada 10 calçados importados pelo Brasil são oriundos desse continente. Esses produtos muitas vezes são comercializados a preços inferiores aos praticados no mercado e não seguem as convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) nem conceitos básicos de sustentabilidade. Além disso, a concorrência desleal com o calçado nacional traz problemas tanto para o meio ambiente como para os direitos humanos.

O Vietnã foi o principal país de origem dos calçados importados pelo Brasil entre janeiro e agosto deste ano. Foram 6,9 milhões de pares provenientes desse país, com uma receita de US$ 154,5 milhões. Isso representou um aumento de 36,6% em volume e 45,5% em receita na comparação com o mesmo período do ano anterior. A Indonésia e a China também se destacaram como origens das importações, sendo responsáveis por 3 milhões e 8,13 milhões de pares, respectivamente.

Além dos calçados completos, as importações de partes de calçados, como cabedais, palmilhas, solas e saltos, também são significativas. Nos primeiros oito meses de 2023, essas importações totalizaram US$ 26,4 milhões, um aumento de 4,4% em relação ao mesmo período do ano passado. A China, o Vietnã e o Paraguai foram os principais países de origem dessas partes.

Diante desses números, fica evidente a necessidade de se promover medidas que protejam e fortaleçam a indústria nacional de calçados. Além disso, é fundamental estabelecer critérios mais rígidos para a importação de calçados, garantindo que produtos de baixa qualidade e que não respeitem os direitos trabalhistas e ambientais não entrem no mercado brasileiro.

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