De acordo com as evidências coletadas, as consequências das ondas de calor na reprodução são frequentemente sutis, mas seu impacto na dinâmica populacional e na seleção sexual pode ser profundo ao longo do tempo. Investigações anteriores já haviam apontado que muitos animais, após a exposição a esses fenômenos térmicos, apresentam uma redução em sua atividade sexual ou até mesmo ficam estéreis. Contudo, o efeito dessas condições sobre a biodiversidade e a saúde das populações ainda era pouco compreendido.
Um dos pontos de destaque do estudo é a observação de que a diversidade genética dentro de um grupo populacional pode sofrer uma diminuição considerável. Isso acontece porque os indivíduos afetados pelas ondas de calor podem se tornar incapazes de se reproduzir, alterando os processos de seleção sexual que, em condições normais, favorecem a diversidade e a adaptabilidade da espécie.
Chiara Morosinotto, uma das pesquisadoras envolvidas no projeto, aponta que muitos filhotes gerados por pais expostos a temperaturas elevadas acabam nascendo menores e em condições físicas inferiores, o que pode não apenas impactar seu crescimento, mas também afetar suas vidas de maneira duradoura. O estresse que os progenitores experienciam pode, portanto, resultar em características que se perpetuam nas futuras gerações, criando um ciclo de fragilidade populacional.
Além disso, estudos experimentais demonstraram que esses efeitos negativos foram documentados em uma ampla variedade de espécies, incluindo insetos, peixes, aves, e mamíferos, sugerindo que a ameaça das ondas de calor transcende grupos específicos e pode impactar amplamente a fauna global. Diante disso, os autores do estudo ressaltam a urgência de se identificar e medir os “custos” reprodutivos impostos por essas ondas de calor, a fim de avaliar de forma mais precisa os impactos demográficos e evolutivos que este fenômeno ambiental pode acarretar.









