Em um evento do Banco Santander, o CEO do Magazine Luiza, Frederico Trajano, afirmou que, a curto prazo, não vê um impacto significativo dos gastos dos brasileiros com apostas nas vendas do varejo. Contudo, ele ressaltou que o Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV) tem levado o tema ao vice-presidente Geraldo Alckmin, devido ao crescimento “exponencial” desses gastos no país.
Enquanto o IDV realiza pesquisas e inicia diálogos com autoridades, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) já está tomando medidas mais concretas. O vice-presidente institucional da entidade, Marcio Milan, destacou que a Abras se uniu a empresas como a Unilever em apoio a uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que restringe a propaganda das casas de apostas. O deputado federal Luiz Gastão (PSD) está responsável por colher assinaturas para protocolar a proposta.
Além disso, a Abras tem orientado as empresas do setor de varejo alimentar a serem “rigorosas na seleção de agências de marketing e influenciadores” que não tenham associação com jogos de apostas. Milan ressaltou a falta de números que relacionem diretamente um consumo enfraquecido em supermercados ao aumento dos gastos com apostas, mas enfatizou que a entidade está buscando mais informações sobre o assunto para esclarecer a situação nos próximos meses.
Estudos apontam que as apostas dos brasileiros estão impactando o orçamento familiar, com parte do dinheiro destinado a poupança, alimentação, lazer e outros itens sendo direcionado para os jogos de apostas. O crescimento exponencial dessas apostas, estimado em 89% ao ano até 2024, preocupa as entidades do setor varejista, que buscam entender melhor os impactos e propor medidas para mitigar possíveis consequências negativas.
A Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) alertou que 63% dos entrevistados tiveram sua renda comprometida devido aos gastos com apostas, influenciando diretamente o consumo e levando a trocas de categorias de produtos. O presidente do IDV, Jorge Gonçalves, destacou a necessidade de obter dados robustos sobre o assunto e enfatizou a importância de investigar os impactos das apostas não apenas no consumo, mas também na saúde pública e na distribuição de crédito.
Para o diretor da consultoria Strategy&, Mauro Toledo, embora não haja um número claro sobre o impacto das apostas no consumo, é evidente que os brasileiros estão realocando seus gastos para a prática de apostas esportivas. A falta de regulação e restrições mais rígidas ao setor de apostas pode trazer consequências significativas para o varejo e a economia como um todo, reforçando a necessidade de ações concretas por parte das autoridades e entidades responsáveis.