Esta semana, a partir de quarta-feira, o Papa Francisco verá seu desejo de discutir as preocupações dos fiéis sendo atendido no Sínodo dos Bispos, um importante encontro que reunirá religiosos de todo o mundo. Pela primeira vez na história deste evento, mulheres terão direito a voto e os leigos terão uma participação maior. Os tópicos em discussão incluirão a permissão para padres casados, a flexibilização do celibato sacerdotal, a bênção de casais LGBTQIA+, a extensão dos sacramentos aos divorciados e a ordenação de mulheres.
Os críticos têm expressado desconfiança em relação ao Sínodo, apontando-o como uma maratona burocrática ou como uma oportunidade para os progressistas corroerem as tradições da Igreja sob o disfarce do diálogo. Por outro lado, há aqueles que veem a chance de colocar em prática a visão de Francisco sobre a Igreja, como uma instituição inclusiva que busca subverter a hierarquia tradicional e trabalhar mais em conjunto com os fiéis.
Mais do que os temas em debate, o que parece representar uma mudança potencialmente transformadora é a própria maneira como bispos e leigos estarão trabalhando juntos e votando. Esta nova abordagem está sendo elogiada como um momento incrível por muitos observadores, incluindo Renée Köhler-Ryan, reitora da Escola de Filosofia e Teologia da Universidade de Notre Dame Austrália, que está entre as primeiras mulheres a terem essa oportunidade.
No entanto, alguns analistas da Igreja questionam se o Sínodo se tornará uma ferramenta para a transformação que os conservadores temem ou apenas mais uma oportunidade frustrada na visão dos liberais.
O Sínodo dos Bispos é uma instituição criada para aconselhar o Papa, reunindo bispos de todo o mundo para discutir e votar propostas relacionadas às orientações da Igreja. O tema geral deste ano é “Sínodo sobre a Sinodalidade”, enfatizando a importância do trabalho conjunto entre religiosos e leigos.
Francisco tem convocado vários Sínodos em seu papado, abordando temas como a família e a juventude. No entanto, este é diferente, pois não trata apenas de um único assunto, mas envolve a prática de trabalhar em conjunto. Em 2021, o Vaticano fez uma sondagem em igrejas de todo o mundo para identificar os temas mais importantes para os fiéis.
Em abril, o Papa publicou novas regras para este ano, que representam uma mudança histórica nas normas da Igreja. Agora, além dos bispos, o Sínodo contará com a presença de mais 70 membros, incluindo mulheres e jovens, que terão direito a voto. Anteriormente, as mulheres podiam atuar apenas como auditoras.
Com esse novo formato, o Sínodo dos Bispos representa uma oportunidade para um diálogo mais inclusivo na Igreja Católica Romana. Resta saber se essa mudança será efetiva para a transformação desejada pelos progressistas ou se mais uma vez as tradições conservadoras prevalecerão.