O relatório, resultado de um trabalho colaborativo com 40 vítimas, traz à tona relatos alarmantes sobre as ações tomadas por prelados contra aqueles que se atreveram a denunciar abusos. Entre os testimoniais, uma vítima mencionou que sua família recebeu advertências de um bispo, que alertou que a acusação poderia impactar a ordenação de um seminarista, seu irmão. Esse tipo de intimidação demonstra o clima de medo que ainda envolve as denúncias, dificultando o acesso à justiça.
A jurista Maud de Boer-Buquicchio, que lidera o trabalho da Comissão, afirmou que escutar as sobreviventes é o primeiro passo para garantir uma Igreja mais segura para as futuras gerações. Ela enfatizou a necessidade de uma resposta honesta às inúmeras vítimas que, apesar das adversidades, encontraram coragem para falar. Para isso, o presidente da comissão, arcebispo Thibault Verny, defendeu a necessidade de um novo engajamento da Igreja em termos de escuta, destacando a importância de uma abordagem sistêmica e profissional na proteção de crianças.
O relatório também analisou a situação em cerca de 20 países, incluindo Etiópia, Guiné, Malta e Moçambique, além da Itália. Um dos dados mais alarmantes foi que apenas 81 das 226 dioceses da Conferência Episcopal Italiana responderam a um questionário sobre a proteção de menores. Tais estatísticas revelam uma resistência cultural que dificulta o diálogo sobre os abusos e impede que as vítimas e suas famílias se sintam à vontade para relatar suas experiências.
O texto sugere que a Igreja na Itália amplie sua colaboração com as autoridades civis, a fim de promover uma análise mais eficaz das acusações e garantir maior transparência nesse processo. A resistência enfrentada pela comissão e pelas vítimas ressalta a urgência de uma reforma dentro da instituição, fundamental para restaurar a confiança e enfrentar os desafios em relação a um tema tão delicado que tem impactado profundamente a moral da Igreja Católica.