Um estudo recente desenvolvido por pesquisadores da Universidade Flinders, na Austrália, revela informações preocupantes sobre a alimentação de idosos que costumam fazer suas refeições sozinhos. A pesquisa, publicada na importante revista científica Appetite, sintetizou dados de 24 investigações que abrangem cerca de 80 mil idosos distribuídos em 12 países. Os resultados evidenciam que os idosos que realizam suas refeições desacompanhados tendem a apresentar uma dieta menos variada e enfrentam mais alterações fisiológicas relacionadas ao envelhecimento.
A revisão aponta uma associação significativa entre a alimentação isolada e um estado nutricional inferior. Em contraste, apenas cinco dos estudos analisados não encontraram vínculos negativos entre comer sozinho e indicadores de saúde. Os pesquisadores observaram que a falta de companhia nas refeições está diretamente ligada a uma menor ingestão de frutas, legumes e proteínas, aumentando o risco de fragilidade e perda de massa muscular, problemas que afetam muitos na terceira idade.
A nutricionista Caitlin Wyman, que lidera a pesquisa, destaca que, embora estudos anteriores já tenham apontado para o impacto da solidão e do isolamento social na diminuição do apetite, esta análise aborda de forma mais aprofundada as consequências nutricionais e físicas de idosos que se alimentam sozinhos. Para muitos deles, a redução do apetite e alterações sensoriais ligadas à idade dificultam a preparação de refeições adequadas. A presença de outras pessoas durante as refeições poderia, segundo os especialistas, estimular um comportamento alimentício mais saudável, além de proporcionar prazer na alimentação.
Os resultados obtidos pelos pesquisadores australianos sugerem a necessidade urgente de desenvolver políticas públicas que incentivem hábitos alimentares saudáveis entre a população idosa. Isso inclui a promoção de refeições compartilhadas, seja em restaurantes comunitários, programas de refeições coletivas ou mesmo na interação social familiar e entre amigos.
Ademais, o estudo indica que simples triagens podem ser utilizadas para identificar idosos em risco, como, por exemplo, questionar sobre o contexto social das refeições. Essa abordagem pode complementar o acompanhamento tradicional, que se concentra apenas na massa muscular e no peso corporal.
Em suma, a pesquisa sublinha a importância de um ambiente social nas refeições, enfatizando que a comida vai além da nutrição; almoçar em companhia promove conexão, prazer e bem-estar. Incentivar as oportunidades de refeições coletivas pode, portanto, ser um caminho eficaz para melhorar não apenas a ingestão alimentar, mas também a qualidade de vida de muitos idosos que habitam sozinhos.
