Apesar da confirmação da identidade do pianista por meio de impressões digitais, o corpo não foi recuperado. Sabe-se que ele foi sepultado no cemitério de Benavídez, nos arredores da capital argentina. Tenório, que na ocasião tinha 35 anos, teve seu desaparecimento associado a um contexto de repressão política instaurado pelo regime militar que tomaria o poder até 1983. Apenas dois dias após sua ausência, o corpo de um homem foi encontrado em uma área abandonada na Rua Belgrano, no bairro de Tigre, dando início a um processo de identificação que, infelizmente, se arrastou sem sucesso durante anos, culminando em um enterro como “não identificado” em Benavídez.
A investigação sobre os desaparecimentos durante a ditadura argentina ganhou novo impulso anos mais tarde, quando a Procuradoria de Crimes Contra a Humanidade decidiu investigar uma série de casos relacionados a pessoas desaparecidas entre 1975 e 1983. Isso envolveu cadáveres não identificados encontrados em vias públicas e teve como objetivo documentar os crimes perpetrados pelo governo da época. Com o apoio da Câmara Federal de Recurso Criminal, as impressões digitais do dossiê de 1976 foram comparadas com as de Tenório Júnior, arquivadas no Brasil, resultando na confirmação de sua identidade.
A família do pianista foi informada sobre a identidade confirmada, um passo importante para o processo de luto e busca por justiça. A Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) do Brasil, por meio do procurador Ivan Marx, foi a responsável pelo contato. Em 2013, a Comissão Nacional da Verdade iniciou uma investigação para localizar o corpo do músico a pedido de sua família, que inclui sua esposa, Carmen Cerqueira, grávida de oito meses na época de seu desaparecimento, e seus quatro filhos. Essa busca revela um capítulo sombrio da história recente da América Latina, onde a memória dos desaparecidos se torna essencial na luta por justiça e verdade.